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“Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”. Essa foi a frase do cineasta brasileiro Glauber Rocha quando quis definir os instrumentos de um cinema novo, na década de 1970. A essência desse movimento é encontrada em poucos filmes brasileiros atuais e o despertar para outros públicos, principalmente para os que moram na zona rural, ainda deixa a desejar, sendo poucos os projetos culturais que fortalecem essa relação entre o cinema e o homem e a mulher do campo.

É com o intuito de romper essa barreira que surge a I Mostra Agrícola de Cinema Orgânico no estado de Pernambuco. Aprovado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), o projeto tem como objetivo envolver agricultores e agricultoras das comunidades rurais do sertão do estado e chega em julho a Serra Talhada (PE). De acordo com o diretor geral do projeto, Gê Carvalho, durante três meses serão exibidos filmes com a temática agrícola e da vida do sertanejo. Integrada à Mostra serão oferecidas duas oficinas: Cineclube e Novas práticas agrícolas.

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“O contato com filmes que muitos agricultores relatam está associado a produções hollywoodianas que passam na televisão. Por isso é importante mostrar a existência de um cinema que fala do cotidiano deles, para que assim possam se identificar com os filmes e criarem laços mais estreitos com as produções feitas no próprio estado. Aqui estamos nos referindo à formação do olhar”, conclui.

A proposta da produção da I Mostra é estimular a exibição de filmes com práticas pedagógicas de transformação, além de gerar reflexão dos agricultores acerca do cotidiano e do trabalho praticado por eles. Com o apoio do Centro de Educação Comunitária Rural (CECOR), a produção visitou alguns assentamentos do município de Serra Talhada e Santa Cruz da Baixa Verde, em seguida, decidiu que as três sessões, previstas para o mês de julho, serão exibidas no assentamento Santa Rita, localizado a 25 km, de Serra Talhada, sertão do Pajeú.

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A técnica do Cecor, Alda Balbino, acompanhou as visitas nas localidades, que também são assistidas pelo Cecor. “Levamos a equipe nas localidades que tinham o perfil traçado pelo diretor geral do projeto. Além disso, foi analisado um local que dê acesso fácil aos demais agricultores das comunidades circunvizinhas. No assentamento Santa Rita, Gê Carvalho e a Larissa Sarmento (oficineira) gostaram do espaço rural, encontram os locais para as duas oficinas, por isso, decidiram desenvolver o projeto lá. Mas vale ressaltar que mesmo sendo exibido em Santa Rita, agricultores de outros locais também serão convidados. Terá carro para pegá-los e deixá-los, após as exibições previstas para noite”, explicou Alda.

As oficinas de Audiovisual e de Novas Práticas Agrícolas serão ministradas no período da manhã, respectivamente por Gê Carvalho e Raissa Sarmento. “Queremos atingir os agricultores em seu mundo dos sentimentos, o qual deverá ser impulsionado para os dois lados, para a vida dos pensamentos e para a vida da sua vontade. É a temática agrícola, trabalhada através do audiovisual, que pretendemos fortalecer com as sessões”, enfatizou Raissa. Os participantes terão acesso a transporte e alimentação.