Oito anos após sua primeira greve de fome contra a transposição do rio São Francisco, o bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, 67, aponta uso eleitoral da obra pelo governo Dilma Rousseff.  ‘O que está caminhando é uma propaganda política usando a transposição em vista das eleições do ano que vem, porque obras mesmo não estão acontecendo.’

Em 2005, Cappio ficou 11 dias sem comer em protesto contra o projeto. Em 2007, passou outros 23 dias em jejum. Ele diz que sua manifestação foi um ‘grito’ que motivou uma ‘compreensão diferente’ da realidade do rio. Frade franciscano e economista, ele acredita que a obra nunca será concluída.

Apesar de o governo já ter gasto R$ 3,5 bilhões e previsto outros R$ 4,2 bilhões até o fim de 2014, dom Luiz sugere que a obra seja refeita. O religioso defende a construção de adutoras e a implementação de obras hídricas previstas em estudo da Agência Nacional de Águas.

Segundo o Ministério da Integração Nacional, a transposição do rio São Francisco tem o objetivo de garantir a segurança hídrica de cerca de 390 municípios de quatro Estados, beneficiando 12 milhões de pessoas. O ministério informou que avaliou outras possibilidades como uso de águas subterrâneas, dessalinização e reaproveitamento de águas, entre outras alternativas.

Segundo a pasta, nenhuma delas teve melhor resultado do que a integração de águas do rio com as bacias do Nordeste Setentrional.(Folha de S.Paulo)