Neri citou o fato de que enquanto uma família chefiada por analfabeto teve um ganho de 88,6% na renda per capita nos últimos 10 anos (2001 a 2011), em uma família cujo chefe era uma pessoa com 12 anos ou mais de estudo, o rendimento caiu 11,1%. Lembrou ainda que a renda per capita nas principais capitais do país tem alta de 3,1% em termos reais, entre junho de 2012 e maio de 2013. Na periferia, sobe 5,4%. Nas famílias com mais de seis pessoas no domicílio, avança 5% e tem alta de 6,3% para trabalhadores com menos de um ano de estudo.
Para Neri, o descontentamento popular, a despeito das melhoras nos indicadores sociais, pode ser explicado porque as desigualdades caíram com uma intensidade que superou a “zona de conforto” política.
Ele não descarta, porém, que entre os manifestantes possam estar também pessoas da “nova classe média”, aquelas que ascenderam à nova classe C há cerca de 10 anos, e que hoje pedem avanços também na educação e na saúde. Segundo ele, as aspirações de consumo são potencializadas pela internet.
— Talvez elas queiram outras coisas, para além do ganho de renda, (além) do ganho trabalhista, seja ganhos de saúde, de educação. As pessoas se acostumam às suas conquistas e querem mais. Por outro lado, quando você olha para o lado vê que os pobres estão ganhando mais, isso talvez possa explicar um certo inconformismo — disse.
Ele reconhece que o país vive um momento de incertezas com as manifestações e vê uma tendência de estabilidade para a trajetória de queda na desigualdade.
— O mercado de trabalho está dando sinal de desaquecimento, o que me preocupa é que todo aumento de renda decorre do salário — afirmou.
( Jornal O Globo)
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