Fotos: Celso García/Farol
Quem já foi à Caixa Econômica Federal ou ao Banco do Brasil, no Centro de Serra Talhada, encontrará o senhor Edinardo Lima num triciclo, vendendo tapetes, panos de pratos e baldes. Dali ele toca um trabalho diário no período da manhã, de segunda a sexta-feira na frente das agências, e aos sábados nos bairros Caxixola e Vila Bela. Edinardo Lima tem 58 anos. É natural de Fortaleza. Ficou cadeirante após adquirir uma hérnia de disco. Ele conversou com a reportagem do Farol sobre sua vida e fez o apelo para a compra de dois pneus novo para o automóvel.
Ednardo é aposentado. Pai de dois filhos. Um reside em salvador e o outro no Rio de Janeiro. E hoje mora sozinho, de aluguel. Ficou viúvo há 25 anos. Veio para Serra Talhada após a morte da sua esposa. Antes vivia em Salvador (BA). Depois da morte da esposa enfrentou uma depressão. Um de seus irmãos trabalha próximo a ele, ali mesmo no Centro, com um carrinho de espetinhos. Edinardo Lima ainda sofre com doença de próstata e hérnia de disco, que persiste há 18 anos.
“Eu vim à Caixa, e o gerente me fez uma proposta de uma margem, eu nem sabia o que era. Ele falou que era um dinheiro que o governo estava liberando para pessoas com deficiência. Em casa, pesquisei nas redes sociais, baixei o aplicativo das Americanas, olhei os triciclos, e vi que dava para mim, para ir às ruas e trabalhar. Hoje eu trabalho. Graças a Deus! Eu saio para rua para trabalhar, para me entreter”, confessou. Ao conversar com o Farol, ele relatou que o seu trabalho como vendedor de tapetes iniciou fazem quatro meses.
“Sair para a rua para conversar com o povo é muito bom. Graças a Deus conheci outra vida, porque antes vivia apenas dentro de casa. Fiz esse empréstimo para não ficar em casa. Graças a Deus! Hoje eu saio, converso com o povo, vou para a rua, vou comprar as minhas coisas. Tem lugar que eu entro que nem precisa eu descer. Tem gente que sabe que eu sou doente, vem até mim, me atende fora da loja. O pessoal de Serra Talhada é muito bom. Eu gosto muito daqui! Adoro aqui!”, afirmou Edinardo Lima.
Tem dias que não consegue vender nada, mas isso não o desestimula para voltar no dia seguinte. Ele conta que a hérnia surgiu após muita “subida e descida numa ladeira com muito peso nas costas”. Ele desabafa: “Fiquei com desvio lombar e que desvio foi esse que hoje estou inutilizado. Passei 15 anos só dentro de casa, saindo para ir apenas ao médico, posto de saúde e receber o meu dinheiro. Tudo era feito de táxi, porque as minhas pernas são dormentes.”
DESENGANADO PELOS MÉDICOS
Com tristeza nos olhos, Ednardo relata que foi desenganado pelos médicos. Disseram que não seria possível operá-lo e nem haveria tratamento para a cura de sua hérnia de disco. Ele não conteve as lágrimas ao declarar o que sente: “Eu sinto dor dia e noite. Eu sinto dor sempre. Quando me locomovo dói, porque as minhas pernas atrofiaram, os nervos estão ressecados. Os nervos estão atrofiados, eles secaram na carne. Todo movimento que eu faço dói. É horrível! Eu não uso calça comprida, porque eu não consigo. Não tem quem faça eu vestir uma calça comprida, o pé entorta para um lado, vai para o outro. É horrível hérnia de disco! É muito horrível!”
Infelizmente os incômodos não acabam nas dores. Ele se depara com muitas limitações e aflições logo pela manhã ao acordar. “Têm dias que ataca de um jeito que eu não posso nem me levantar. Vou pegando nas paredes, até despertar as pernas um pouco, vou para pia. Tem um andador, vou tentar andar nele, as vezes não consigo também. É muita dificuldade. Eu não consigo calçar a chinela só, tem que colocar o pé e empurrar. Uma roupa, eu tenho que me sentar e vestir ou então ir para cama. Às vezes eu caio para a frente”, afirmou.
7 comentários em A história de luta de um cadeirante no Centro de ST