Fotos: Farol de Notícias / Max Rodrigues – cedidas ao Farol de Notícias

Publicado às … desta quarta-feira (6)

A fé nos orixás e na força da Sagrada Jurema reuniu seus discípulos para estender a mão ao próximo em tempos de pandemia de coronavírus. Mesmo em isolamento social e com suas atividades religiosas suspensas, devido à decreto municipal contra aglomerações, a Casa de Axé de Dona Quitéria deu vida ao projeto “Uma Forma de Abraçar”.

O Juremeiro João Antônio Sobreira reuniu alguns de seus afilhados na tarde desta segunda-feira (4) para realizar a limpeza dos principais focos de aglomeração na Praça Sérgio Magalhães e na Enock Inácio de Oliveira, lotérica e bancos. Munidos de vassouras, baldes, esponjas, muita água e sabão, o grupo de juremadas e o líder religioso lavaram grades, calçadas, e a rua da praça em frente dos estabelecimentos bancários para ajudar no combate ao Covid-19.

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“As poucas vezes que fui ao banco durante essa pandemia percebi que: o idoso, a criança, a mãe de família, estão mantendo a rotina normal. Mesmo não sendo de acordo com essa exposição do grupo de risco, tentei encontrar uma forma de ajudar a cidade que me acolheu, e a melhor forma de tentar amenizar algum impacto futuro é impulsionar a higienização em ruas, bancos, e principalmente no local de maior aglomeração”, detalhou o Juremeiro João Antônio, complementando:

“Quando a maioria das pessoas veem minha vestimenta ou quando sabem de qual religião faço parte a primeira impressão sempre é igual: “Satanás”, e eu não culpo elas, não tenho motivos para ficar com raiva. A informação sobre o Candomblé é muito pouca, existem muitas pessoas que já saem machucadas de outras casas. Então, a melhor forma de conscientizar e mostrar que mesmo eu estando vestido, meu afilhado estando paramentado, não significa que não podemos fazer o bem. Ajudar crianças, idosos e estender a mão ao próximo. Ajudar o outro é uma forma que encontramos para amenizar essa imagem da religião”.

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“UMA FORMA DE ABRAÇAR”

A Casa de Dona Quitéria sempre atuou em Serra Talhada com o intuito de desmistificar os preconceitos com as religiões afro-brasileiras e afro-indígenas. Em contato com o Farol de Notícias, João Antônio explicou como surgiu a ideia do projeto.

“Senti falta de abraçar minha mãe, meus amigos, meus familiares, meus afilhados. Então lembrei que meu sagrado me abraça mesmo eu não vendo, ou seja, ‘Uma Forma de Abraçar'”.