Do G1

Wuhan, na China, é uma cidade em período de recomeço. Os moradores usam máscaras para sair de casa e adotam distanciamento entre si. A quantidade de pessoas nas ruas é considerada baixa, em comparação às aglomerações características da região até o fim do ano passado.

Capital da província de Hubei, Wuhan, que tinha 11 milhões de habitantes antes da epidemia, registrou os casos iniciais do novo coronavírus no mundo. Primeira região a ser isolada em decorrência do vírus, a cidade está sendo reaberta aos poucos desde oito de abril, após 76 dias em confinamento.

O cenário na cidade atualmente se assemelha a um período de pós-guerra, relata o paulistano Kenyiti Shindo, de 26 anos. Os moradores, conhecidos pela simpatia e pelo jeito acolhedor, mantêm as características, mas agora sem proximidade.

O recomeço em Wuhan acontece após medidas duras adotadas na luta contra o Sars-Cov-2, nome oficial do novo coronavírus. Os primeiros registros oficiais, divulgados inicialmente como uma “pneumonia misteriosa”, ocorreram no fim de dezembro — pesquisadores estudam casos que podem ter ocorrido anteriormente na região.

Segundo dados de autoridades chinesas, já foram registrados mais de 84 mil casos do novo coronavírus no país asiático, que tem 1,39 bilhão de habitantes. Oficialmente, foram confirmadas 4,6 mil mortes, sendo 3,8 mil somente em Wuhan. Entretanto, um estudo de pesquisadores de Hong Kong, publicado na revista científica “Lancet”, estimou que o número de casos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, na China pode ser quatro vezes maior que o divulgado.

Em meio ao avanço do vírus até então pouco conhecido, em meados de janeiro, a China adotou o lockdown em Wuhan e outras cidades de Hubei. A partir de então, estradas e ruas foram bloqueadas. Estabelecimentos foram fechados.

Dias antes do isolamento, estima-se que 5 milhões de pessoas deixaram Wuhan. O fato, apontam especialistas, ajudou a espalhar o vírus pelo país asiático.

Durante  o lockdown, automóveis não circulavam nas cidades. O transporte público da região foi suspenso, assim como viagens de avião ou de trens. Escolas foram fechadas. Eventos públicos foram cancelados. Os moradores permaneceram em suas casas e somente poderiam sair para comprar alimentos ou remédios.

De acordo com estudos, o lockdown evitou que o número de infectados na China fosse ainda maior. Especialistas apontam que sem a medida de isolamento, os casos poderiam ter chegado à marca dos milhões, aumentando ainda mais a propagação do novo coronavírus pelo mundo.