Do G1 PE

A irmã do adolescente Diogo Emanoel da Luz, de 16 anos, que morreu no sábado (6), após ser atropelado por um carro no bairro de Vera Cruz, em Camaragibe, no Grande Recife, pediu justiça pelo caso. Camila de Luz afirmou, nesta segunda-feira (8), que o acidente desestabilizou a família

“Abalou a nossa família, destruiu a vida da minha mãe, ela está muito abalada, não tem condições de falar nem de recomeçar a viver. Meu irmão de apenas 16 anos se foi. Então, eu espero que a justiça de Deus seja feita e a justiça aqui na terra. É um crime que não pode ficar impune”, declarou a irmã.

 

O motorista, que ainda não foi identificado, não prestou socorro ao garoto, que faleceu no local, segundo a Polícia Civil. Um inquérito foi aberto para investigar o caso e identificar o condutor do veículo.

“É um caminho que a gente sempre faz, roteiro do dia a dia para ir e vir. Aquela ladeira é muito perigosa. A gente tem família lá e ele vinha da casa do meu tio”, explicou a irmã.

Camila da Luz também disse que, em conversa com a família, o perito que esteve no local do atropelamento contou que o adolescente não estava correndo no momento da colisão.

“O perito falou que devido ao acidente, se ele [Diogo] tivesse vindo com alta velocidade, ele teria batido no carro e o corpo dele tinha sido arremessado para longe, mas o erro não foi dele. A fatalidade foi de quem vinha em alta velocidade de carro. Dava para ver a marca dos pneus da freada”, afirmou a irmã.

Ainda segundo a família do adolescente, ele foi doador de órgãos. “Meu irmão se foi, mas salvou duas vidas. Os órgãos dele foram doados para um adolescente de 14 anos e uma pessoa de 46 anos, que já estava há anos na fila de espera. E a gente doou porque é importante isso”, disse a irmã.

Vizinhos e moradores de áreas próximas ao local onde o atropelamento aconteceu relataram que esse não foi o primeiro caso registrado na via.

“Eu presenciei muito acidente nessa ladeira porque é uma curva, um ponto cego. […] Aqui deveria ter uma lombada, um quebra molas, para diminuir a velocidade desses carros. Já tiveram vários acidentes aqui”, disse o professor de judô José Lopes, que mora na ladeira onde a colisão aconteceu.

Serralheiro que mora em frente ao local onde Diogo faleceu, Ivanildo José da Silva contou que já perdeu as contas de quantos acidentes presenciou nos últimos 20 anos.

“Essa não é a primeira vez, já teve várias e várias vezes. É o excesso de velocidade e a curva. Era para ter pelo menos um sinal para aliviar a descida, porque às vezes um carro se encontra com outro na curva”, declarou.

Vizinha da família, a dona de casa Cristina Edileusa falou sobre o bom comportamento do adolescente, que era querido pelos moradores da comunidade. “Ele era muito divertido, respeitador, todo mundo aqui gostava dele. A gente quer justiça”, declarou.

Resposta da prefeitura

De acordo com o secretário adjunto de Mobilidade de Camaragibe, Josemir Rufino, há um projeto em curso para transformar a via onde aconteceu o acidente em mão única.

“O que vai ocorrer é que essa via vai virar mão única no sentido Campo do Rachão, não somente para veículos como para ciclistas. Será construída uma ciclofaixa também”, declarou em entrevista ao NE1 desta segunda-feira (8).

No entanto, ainda não há data definida para a conclusão das obras, que ainda estão no papel. “Creio que daqui um ano tenhamos isso concluído”, declarou. Nesse meio tempo, o secretário informou que a prefeitura deve realizar a manutenção do local, com reposição de placas e sinalizações.

Ele disse, ainda, que não há previsão de instalação de lombadas eletrônicas no local. “Tecnicamente, não é recomendável porque só pode ser num aclive de 15 graus e aqui se observa que tem mais de 90 graus”, disse.