Publicado às 05h38 desta segunda-feira (20)

Por Alex Ribeiro, doutorando em História Política pela Universidade Federal da Bahia, cientista político pela UFPE, e jornalista.

Texto escrito para a Folha de Pernambuco.

O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para repudiar uma possível perseguição a formadores de opinião que defendem o seu governo. Para ele, apoiadores como Luís Ernesto Lacombe, Caio Coppola, Rodrigo Constantino e Leandro Narloch são independentes e por isso “considerados nocivos dentro de grande parte da mídia”. Segundo o majoritário, estes comunicadores são “soldados” em combate contra “a esquerda radical”.

Bolsonaro se coloca como ultradireita e extremista quando qualquer opinião contrária é tachada de “esquerdista/comunista” e precisa ser combatida. O presidente se caracteriza como radical quando persegue e torna-se o tribunal da lei contra qualquer crítica ao seu governo. Não importa as pessoas públicas. Não importa o partido.

Para ele, qualquer argumento embasado que afronte à sua administração é considerado antidemocrático e perseguidor. Em sua defesa, Bolsonaro utiliza termos como “família”, “povo” e “fé”. É a tentativa de utilizar da emoção para atingir sua base eleitoral e legitimar sua retórica.

Seus apoiadores, comunicadores, que usam qualquer argumento em confronto contra estudos científicos sempre estiveram em todos os lugares, na literatura, no jornalismo, nas universidades e em várias instituições liberais. O projeto de poder bolsonarista trouxe eles à tona e os colocou como protagonistas do revisionismo e da negação da história.

Atores sociais como Coppola e Narloch cresceram instruídos por autoafirmação, como predestinados a ocupar e terem acessos a diversos espaços. Nas suas relações de poder a “meritocracia de laços” é a mais fidedigna. Os dois fazem parte de uma elite viciosa com seus próprios códigos de conduta. Construídos desta forma, não aceitam ser coadjuvantes em espaços de disputa, de discursos. Eles se colocam como legitimadores de conteúdos que vão além de qualquer rigor científico.

Com estes apoiadores a defesa do uso da cloroquina contra o coronavírus, o desprezo pela pandemia, o apoio ao golpe civil-militar no Brasil em 1964 e a distorção de outros fatos históricos ganham cada vez mais força.  É a comprovação que arquitetura bolsonarista tem como base a propaganda e nesse embate os estudos sobre política, justiça, e qualquer estudo científico perde cada vez mais espaço. Um dos mentores desta tática é Olavo de Carvalho, o principal inspirador e conselheiro do próprio Bolsonaro.

O maior desafio da ciência não é só combater as fake news. É ir em confronto contra a nova tática de ocupação das redes da extrema direita. Este grupo possui vários métodos no mundo virtual e difundi suas (des) informações em espaços estratégicos como comunidades, igrejas, famílias. Com isto o contra-ataque científico deve ocorrer com mais conteúdo e novas práticas de propagação. Em terra de achismos a disseminação da ciência precisa se tornar lei