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Por Folha de Pernambuco

A preocupação com a redução de consumo de produtos derivados do tabaco foi substituída nos últimos anos pelos produtos que se apresentam com uma roupagem mais moderna. Mais, mesmo assim, especialistas em saúde mental alertam que as balas de goma, chocolate e biscoitos de maconha são tão prejudiciais quanto a maconha fumada – se não mais.

Entrevistados pelo DailyMail, psiquiatras acusaram as empresas que produzem esses produtos de “enganar” os consumidores, fazendo-os “acreditar que estão seguros”. Isso porque muitos são apresentados em embalagens com cores vivas e em formato de ursinhos de pelúcia ou cobras de gelatina.

— Os alimentos são mais perigosos do que a maconha em alguns aspectos. Com os alimentos, demora um pouco mais para o THC (o componente psicoativo da cannabis) entrar na corrente sanguínea, em comparação com o pico rápido que você obtém ao fumar. A reação retardada – talvez duas a quatro horas depois de comer – significa que as pessoas muitas vezes acabam comendo muito mais porque pensam que nada está acontecendo — afirmou a Dra. Libby Stuyt, psiquiatra especializada em dependência química.

A maconha comestível é frequentemente comercializada como uma alternativa menos potente e “mais saudável” à inalação da droga. Mas os especialistas alertam que comê-la é mais prejudicial para a saúde mental. Os riscos incluem doenças mentais graves, como psicose súbita, esquizofrenia e depressão, de acordo com diversos estudos.

Os especialistas também afirmam que consumir maconha com alimentos gordurosos – incluindo chocolate e biscoitos – pode aumentar a potência do THC em quatro vezes. Isso porque a gordura ajuda o corpo a digerir a substância química.

Um estudo realizado com 68 mil adolescentes norte-americanos, em maio, descobriu que aqueles que consumiam cannabis para fins recreativos tinham entre duas a quatro vezes mais probabilidades de desenvolver depressão, em comparação com os que nunca fumaram.

Embora a pesquisa não prove uma ligação causal direta (outro factor pode estar por detrás da doença psiquiátrica), os cientistas dizem que a força da associação sugere uma causa e efeito.

Acredita-se que os riscos para a saúde mental se devam justamente pelo THC, presente na planta da maconha, que afeta substâncias químicas cerebrais e é responsável pelo “onda”.A substância estimula áreas do cérebro envolvidas com humor, atenção e memória – e desencadeia a liberação do hormônio do “prazer” dopamina.

Outro estudo de 2016 observou que muitos dos relatos recentes de psicose induzida por cannabis “seguiram-se à ingestão de um produto comestível”. Também foi sugerido que a concentração sanguínea de THC pode ser maior em alimentos comestíveis, em comparação com o fumo.

“Estima-se que 1 mg de D9-THC na cannabis comestível pode produzir efeitos comportamentais semelhantes aos 5,71 mg em cannabis inalada”, afirma um artigo recente publicado no US Pharmacist.