Do G1
A maranhense Ary Borges brilhou na Seleção Brasileira feminina marcando um hat-trick (três gols) e ainda dando passe para outro gol na goleada contra o Panamá, na estreia pela Copa do Mundo, nesta segunda-feira (24).
Dino Borges, pai de Ary, contou ao g1 um pouco da trajetória da atleta, que foi criada pela avó e conviveu dos 3 aos 10 anos com a saudade dos pais até ir morar com eles em São Paulo, para onde se mudaram em busca de trabalho. Foi então que Ary começou a sonhar com um futuro no esporte.
Revelação
Os treinos de Ary em São Paulo eram no Centro Olímpico, clube que a formou como atleta. Depois disso, ela não parou mais de jogar e se encontrou na posição de meia-atacante.
A revelação no futebol profissional aconteceu pelo Sport, e depois Ary jogou no São Paulo em 2019, quando ajudou o time a conquistar o Brasileiro da Segunda Divisão.
Ary Borges marcou gols na estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina — Foto: Gabriel Aponte/Getty Images
A meio-campista também passou três temporadas no Palmeiras, onde se consolidou como uma das principais jogadoras do futebol nacional, e atualmente joga no Racing Louisville, dos EUA. Pela Seleção Brasileira, é a primeira Copa do Mundo que Ary Borges disputa.
Inspirações, saudades da avó e temperamento forte
Dentre os familiares, Ary Borges nutre um carinho especial pelos pais, mas também pelo irmão mais novo, Enzo, de sete anos, além da avó que a criou, dona Lindalva, que ainda mora em São Luís.
“Hoje ela joga longe, mas a gente conversa muito com ela por chamada de vídeo. Ela também conversa diariamente com a avó, que a criou desde pequena, para matar a saudade, que é grande”, afirmou o pai.
A personalidade carinhosa e de amor aos pais também mescla com um temperamento forte de Ary Borges dentro e fora dos gramados. Na Seleção, ela é uma das lideranças do elenco dentro de campo, e não tem medo de falar o que pensa.
Em um dos casos mais polêmicos, Ary se posicionou contra a candidatura brasileira a ser sede da Copa do Mundo de 2027 e criticou publicamente a contratação de Cuca pelo Corinthians, no período em que vieram à tona as informações de uma condenação por estupro por parte do treinador, em 1989.
A maranhense de 23 anos se inspira nas craques e revolucionárias Marta e Megan Rapinoe, da seleção dos EUA. Ao mesmo tempo em que vê a seleção mentalmente forte para a Copa, cobra melhorias no futebol brasileiro e ainda não decidiu se apoiará, ou não, a candidatura verde-amarela para receber o Mundial de 2027
As principais inspirações de Ary Borges são a brasileira Marta e a Megan Rapinoe, da seleção dos EUA, que se posicionam contra as desigualdades de gênero no futebol e cobram estruturas e salários equiparados aos homens.
Em São Luís, familiares da jogadora fizeram a festa na comemoração de cada gol da atleta. Vestindo camisetas estampando o rosto da jogadora, vuvuzelas nas mãos e balões nas cores da bandeira do Brasil, os primos e outros parentes não contiveram a emoção ao assistir à jogadora representando a seleção, em busca da primeira estrela para o time feminino.
“Embora ela tenha sido convocada outras vezes para disputar a Copa América e sido campeã, sempre é muito orgulho ver ela sendo convocada para uma Copa do Mundo, que é o mais alto nível que uma atleta de futebol pode chegar. A gente se sente muito orgulhoso de estar do outro lado da telinha e poder estar acompanhando ela”, disse Mateus, primo de Ary.
Família comemora gols de Ary Borges em sua primeira Copa do Mundo Feminina — Foto: Reprodução/TV Mirante