Fotos: Arquivo Pessoal / cedidas ao Farol de Notícias

Por Paulo César Gomes, professor, escritor, pesquisador, historiador e colunista do Farol de Notícias

A coluna Viagem ao Passado conseguiu através de faroleiros informações sobre a única filha viva de Nivalda Lacerda do Amaral, a Suzete, que reside em São Paulo. Através das redes sociais o Farol entrevistou Suzete.

Ela contou um pouco da vida de mãe, que durante as décadas de 1970 e 1980 foi dona de um dos bares mais populares de Serra Talhada, o Bar de Nivalda, situado às margens da BR-232, no bairro da Borborema.

Segundo Suzete, Nivalda tornou-se dona de bar para poder sustentar os quatro filhos logo após a separação dela com seu pai.

 

“Para sobreviver começou com uma caixa de cerveja vazia na rua até chegar a um ponto, logo depois comprou o espaço e abriu o bar da Nivalda, mais conhecido como cabaré da Nivalda”, relata a filha, que acrescenta que tem o maior orgulho da história da mãe.

“Sinto muito orgulho da mulher que ela foi, uma guerreira que nunca escondeu nada da gente. Minha mãe sempre foi respeitada, do faxineiro ao juiz”.

A coluna “Viagem ao Passado” dá sequência à segunda parte da reportagem com a filha de Nilvada do Bar.

Os anos de 1970 e 1980, foram marcados por muita fome e miséria na região. A estiagem castigou o homem e a mulher foi nesse período que foi registrado o maior êxodo rural. Segundo os dados  IBGE , o município perdeu entre 1980 e 1990, mais de 10 mil habitantes.

Foi nesse contexto que Suzete e parte da família deixaram a cidade. “Eu vim primeiro com minha vó e meu tio da família do meu pai. E ficou meus dois irmãos com minha mãe e minha irmã com minha tia”, relata Suzete.

Nivalda em São Paulo em 1994

ENTREVISTA – SUZETE, FILHA DE NIVALDA

Farol: Qual foi a reação de Nivalda ao ver os filhos partir?

Suzete: Ela ficou desesperada. Ela ainda voltou à cidade (Serra Talhada). Logo quando chegou “ela primeiro abriu um bar. Depois trabalhou como cobradora de ônibus da empresa Miguelon por 10 anos.

Farol: Quais eram as lembranças felizes que Nivalda guardava na memória em relação a  Serra Talhada e ao seu famoso bar?

Suzete: Ela guardava as alegrias, foram as meninas e cantores e as amizades que fez. A tristeza foi as discriminação dos clientes com as meninas.

Farol: Qual foi a razão da morte Nivalda ainda tão jovem?

Suzete: minha mãe tinha diabetes e problemas de coração. Com a morte do meu irmão mais novo, ela deve ter tido uma depressão. Na missa de um ano ela passou mal, foi internada às pressas e veio a falecer no hospital Tatuapé.

Farol: Como você encara o fato de que sua mãe foi dona de um dos cabarés mais famosos de Serra Talhada e quase 50 anos depois ainda lembrando por pessoas que nem eram nascidas na época?

Suzete: Orgulhosa! Eu a aceitava como era, nunca tivemos vergonha dela. Era como se as meninas fossem nossa família também.

Nivalda e Suzete em seu aniversário de 22 anos

FILHA FAZ PEDIDO DE AGRADECIMENTO

“Uma placa em homenagem a Nivalda do Bar”

Farol: Aproveite e deixe um recado aos seus conterrâneos serra-talhadenses e também para os amigos e amigas de sua mãe.

Suzete: Eu pediria encarecidamente já que todos gostaram tanto assim dela colocasse uma placa em seu nome como homenagem mais uma vez muito obrigado pela entrevista.

Nós da equipe do Farol de Notícias nos sentimos muito honrados em poder compartilhar um pouco da História de Nivalda e de também a sua como filha!

FAROLEIRA AGRADECE A NIVALDA 

Uma faroleira das iniciais M. F. C. gostaria que algum momento oportuno agradecesse através de Suzete as coisas boas que ‘Niva’ proporcionou a ela.

“Eu queria falar com ela, como Nivalda foi boa para mim. Eu nasci e me criei na Praça Sérgio Magalhães. Foi pouca coisa que ela fez por mim, mas de muita importância. Eu nunca vou esquecer. Serei sempre grata e meu filho tem muito carinho por ela. Ela era amiga do meu namorado e depois meu esposo”, concluiu.