Por Luciano Menezes, Historiador
O tal discurso do “corrigir” um erro histórico, não se aplica as fragilidades econômicas e sociais? Desse modo, restringindo-se apenas as concepções intrínsecas nas mentalidades, sobretudo do próprio negro. Desde o Diabo medieval pintado de preto que percorreu também a arte bizantina e chegou até o presente momento com seu caráter pejorativo associado a uma cor inferiorizada, geradora da vergonha e do medo.
“Ser negro” foi sempre apresentado como ser menos, ser o menor, ser a inferioridade; assim, a imposição coercitiva é feita pelo branco em seu estereotipo de beleza, também foi tragado e propagação pelo negro que tenta a fuga, buscando imitar o branco, desde as vestes, o “embranquecer” da pele, até o esticar do cabelo na contemporaneidade – é a necessidade de ser branco na sociedade eurocêntrica.
Um negro vivendo no “mundo” dos brancos é árduo e doloroso. Desde Hegel até as medíocres declarações e os comportamentos de negros “ilustres” ou não, ainda conseguimos detectar facilmente a nossa fragilidade, assim com o modo de dizer, “o negro é capaz estudar e também passar,” sem a menor análise histórica e social. Talvez o negro possa ultrapassar algumas barreiras, mas existem outras intransponíveis, inclusive dentro de alguns negros.
Percebemos que é necessário dar ênfase ao negro, devido quadro ideológico que impôs um modelo de perfeição e beleza e que pairou nas sociedades, contudo, a ênfase do fator econômico deve ser mais exacerbada. Ou seja, o fator “ser negro” ainda merece ênfase, mas não tão quanto o fator “ser pobre.” Logo, as cotas estão longe de ser a panaceia social.
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