Fotos: Farol de Notícias / Manu Silva

Publicado às 05h17 desta sexta-feira (17)

O comércio popular de Serra Talhada aos poucos foi se adequando ao ‘novo normal’ após o fechamento como protocolo de contenção do novo coronavírus. Apenas os setores de alimentação do Pátio da Feira e do Mercado Público que permanecem fechados há quase quatro meses.

A reportagem do Farol de Notícias visitou o Mercado Público da cidade, que segundo os comerciantes, há diversos problemas para o governo resolver, mas a situação das cozinheiras no momento é o problema mais grave.

A jovem Bruna Muniz da Silva, 23 anos, moradora do bairro Mutirão, conhecida no mercado como Ninha, cresceu dentro dos boxes da área de alimentação do mercado junto da mãe, Vânia, 46 anos. Segundo ela, o fechamento da área de alimentação do mercado afetou o psicológico e o orçamento de toda a sua família.

“Fui criada aqui dentro, o box é da minha mãe que trabalha há 23 anos bem dizer. Trabalhamos com comida normal, almoço. Chegamos aqui todo dia 5 horas da manhã e ficamos até umas 14h30. Vinha para cá, ajudava ela e depois corria para a escola todo dia. Terminei os estudos e continuei trabalhando mais ela, mas agora parou tudo e estamos dentro de casa parada. Mãe está sobrevivendo porque meu irmão está trabalhando e está ajudando, ela também ganhou umas cestas básicas. E eu, meu marido trabalha. Ela sempre trabalhou e está em tempo de enlouquecer dentro de casa, estamos só esperando a hora deles (prefeitura) dizerem alguma coisa. Tenho esperança de voltar, mas não sei quando”, comentou a jovem.

O Farol também conversou, por telefone, com Elizabeth Alves da Silva Souza, 43 anos, e há uma década serve almoço para os trabalhadores de serra-talhada e região. Revoltada com a sua situação e de suas colegas, tem protestado junto aos órgãos de administração do mercado sua indignação e solicitado conversas para uma flexibilização, mas sem sucesso.

“Tá difícil, eu mesma só dependo dali e como a gente já recorreu muito e pedimos ajuda a Marcos Oliveira; a diretora do Mercado, Tânia, para abrir uma exceção para a gente e abrir duas portas do mercado para a gente vender marmita, mas eles se recusam e dizem que não tem guarda suficiente para colocar lá dentro. Não é só eu, tem muita gente sem trabalhar. Mas a maioria está trabalhando porque a parte do açougue e da verdura, aglomeração tem do mesmo jeito, e a gente está assim sem ter como trabalhar. Dia 21 agora faz quatro meses sem trabalhar, nem todo mundo está vendendo delivery porque tem que ter quem entregue e nem todo mundo tem”, lamentou.