A crise de abastecimento  de água que castiga Serra Talhada e as demais cidades do sertão nordestino nos leva a fazer uma profunda reflexão sobre o papel dos atores políticos e das políticas públicas hídricas que deveriam ser implementadas pelos governos. Faço esta reflexão em virtude da postura de duas importantes autoridades, que na minha opinião, não mediram esforços para praticar a famosa demagogia política-eleitoral.

Em 18 de junho deste ano, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), veio a Serra Talhada a convite do então pré-candidato Sebastião Oliveira e na Câmara de Vereadores foi  “armado” um cenário para que todos saíssem bem na foto. O mote utilizado foi a Adutora do Pajeú, que hoje, é vista como “tábua de salvação” para evitar o colapso no abastecimento de Serra Talhada. Vamos lembrar o que disse o ministro: “Concluímos a primeira etapa do projeto e a segunda etapa, que vai da cidade de Floresta até Afogados da Ingazeira, já foi licitado. Vamos evitar o colapso no abastecimento de Serra Talhada, porque até outubro próximo vocês terão água do Rio São Francisco”

Já em 22 de setembro, em pleno comício de encerramento do Partido da República (PR), no bairro do Bom Jesus, o secretário de Agricultura de Pernambuco, Ranílson Ramos, chegou a ser irônico e até ousou tripudiar dos adversários do governo. “Sebastião, vamos convidar os seus adversários para inaugurar, no próximo mês, a Adutora do Pajeú. Vamos trazê-los para beberem as águas do São Francisco”.

Mas o mês de outubro chegou ao seu final e nos deparamos com um problema bem maior. A demagogia eleitoral não foi suficiente para dar tranquilidade à população. A prova é clara. Nesta quinta-feira (1) acontecerá em Serra Talhada a reunião do Comitê Integrado de Enfrentamento a Estiagem, cujo presidente é o Ranílson Ramos. Após ter praticado demagogia eleitoral, que moral tem o secretário para anunciar gestões de combate a seca? E mais: o Estado, mais uma vez, se mostra ineficaz e incompetente na resolução dos grandes problemas que afligem o povo.

Além da água, o exemplo da distribuição do milho pela Companhia Nacional de  Abastecimento (Conab) é testemunho da má gestão ou prática demagógica eleitoreira. E assim caminha a humanidade… com bolsas- esmolas, chapéus de palhas, carros -pipas e o bom e velho discurso político. Que Deus tenha piedade de nós!