Publicado às 04h54 desta quarta-feira (27)

Por Cauê Guion de Almeida, Professor da UFRPE/UAST/Diretor do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes)

“Revelo a situação de violência e hostilidade a pesquisadores envolvidos no maior estudo populacional sobre o Covid no Brasil, estudo fundamental para o entendimento da doença e consequentemente para acabarmos com a pandemia.

A violência e hostilidade vem ocorrendo em todo Brasil e ocorreu em Serra Talhada. Essa pesquisa vem sendo desenvolvida pela Universidade Federal de Pelotas com apoio do Ministério da Saúde e Serra Talhada foi incluída na amostragem do estudo.

A pesquisa, entre várias etapas e procedimentos, envolve a realização de testes rápidos para diagnóstico do Covid, parte da metodologia científica.
Os pesquisadores foram hostilizados e conduzidos pela polícia até a Secretaria de Saúde e a pesquisa foi taxada como polêmica, e apontada como problemática, pois não foi comunicada a Secretaria de Saúde.

A pesquisa é de extrema importância para o entendimento da Covid no Brasil e a universidade possui autonomia e é a responsável pelo desenvolvimento desse tipo de atividade, não precisando de autorização nem prévia comunicação para quem quer que seja.

Tanto a realização do teste rápido quanto a resposta ao questionário eram facultativos e só aconteciam com a anuência do entrevistado.

Essa situação está ocorrendo em todo o Brasil e aconteceu em Serra Talhada, conforme reportagem do Farol de Notícias do dia 18 de maio com o título “Pesquisadores foram escoltados pela PM em ST”.

Manifestamos repúdio a posição autoritária da Secretaria de Saúde que acionou a polícia contra os pesquisadores e a hostilidade que eles receberam por alguns de nossos cidadãos que insistem em negar a gravidade dessa pandemia.

Uma cidade como Serra Talhada, que foi presenteada com a implementação de uma universidade federal pública, a UFRPE/UAST, que tanto contribui para o desenvolvimento da região e formação dos nossos jovens, não poderia cometer esse desrespeito e violência contra a pesquisa científica e os pesquisadores.

A negação a essa grave doença está levando a um genocídio sem precedentes. A doença trazida pelos ricos de suas viagens ao exterior agora acometem as populações menos favorecidas com toda intensidade e crueldade.

Em um país desigual e sem investimento em saúde pública como o Brasil esse vírus vai trazer muita morte e tristeza se não entendermos que são os nossos atos de respeito ao isolamento e de valorização e respeito a ciência que podem acabar com essa calamidade.

São os hospitais que estão cuidando dos doentes, mas são as universidades com a ciência que vão descobrir como acabar com esse vírus tão maléfico e que tem nos trazido tanto medo e tristeza.

Gostaria que o relato acima sobre o ocorrido aqui na nossa cidade fosse levado a sociedade serra-talhadense pelo valoroso Farol de Notícias, bem como a nota de repúdio nacional de nosso sindicato que estou enviando em anexo.
Estou disponível para quaisquer esclarecimentos.

Um abraço

Leia a nota do Andes na íntegra (clique aqui)