O vereador recém empossado Dr. Barbosa, que é filiado ao PSB, recebeu um convite do prefeito Luciano Duque para retomar a sua cadeira na Câmara. Nessa entrevista exclusiva, Barbosa revela como será o seu comportamento na Câmara.

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Fotos: Alejandro Garcia / Farol

FAROL: Dr. Barbosa, seja bem vindo à redação do Farol. Qual vai ser a prioridade do vereador Dr. Barbosa nesse seu retorno à Câmara de Vereadores?

Dr. Barbosa: Bom dia a todos do FAROL. Giovanni como você já conhece o meu trabalho, eu sempre tive boas ideias, e principalmente ideias na área da saúde, meio ambiente, educação e em todas as áreas, que eu acho agricultura também fundamental numa região de pobreza como a nossa. Agora eu, com certeza, terei um comportamento diferente do que o tive de 2005 a 2008, porque naquela época não tinha tanta experiência nem como situação, nem como oposição no legislativo.

Fiz coisas importantes, mas errei. Eu digo, errei um pouco e acertei também, e aprendi com esses erros e espero não mais cometê-los. Por exemplo, fui um vereador de oposição que marquei muito cerrado e com isso prejudiquei os meus projetos que se transformaram em lei. De todos os projetos, como você é conhecedor, tem quatro que embarcou. Um foi a lei do livro, a outra foi saúde e meio ambiente, a outra foi cidade verde, a outra foi as cores de prédios públicos e até de automóveis sendo usada as cores da bandeira do nosso município, e não as cores partidárias.

Dessas quatro leis, na época com o seu conhecimento e prestígio que tinha como presidente da Academia Serratalhadense de Letras, você fez muito mais para que essa lei saísse através do seu conhecimento com Carlos Evandro e eu era oposição e meio radical. A chance que essa lei tornasse realidade, mas através de você e eu também depois, por pedido seu, fui procurar o prefeito para que essa lei do livro fosse implantado, conseguimos. Mas eu não consegui aprovar nenhuma das outras três leis.

FAROL- Então, o senhor terá menos radical na Câmara de Vereadores?

Dr. Barbosa- Aconteceu que se eu tivesse hoje a experiência que eu acredito que eu vou ter, eu teria sido menos radical nas minhas cobranças. Que muitas vezes eu não tinha o conhecimento tão profundo ou um pouco superficial e batia muito forte. Mas se eu tivesse sido mais light, talvez tivesse conseguido que hoje tivesse em nossa Serra Talhada, no mínimo, 130 árvores plantadas por mês. Mesmo que não cuidasse de alguma, mas vamos dizer que 100 árvores se salvassem, já imaginou 100 árvores por mês? No ano 1200 árvores, quer dizer no mínimo teriam 10 mil árvores plantadas em Serra Talhada. Você já imaginou, 10 mil árvores plantadas em Serra Talhada. Este é o núcleo do projeto cidade verde.

E você sabe mais do que ninguém, que entre elas tinha mais de 30% de árvores frutíferas. Quantas pessoas não estariam hoje se deliciando, se alimentando com a manga, com a laranja, com o mamão, com as árvores frutíferas. Além de ter na nossa cidade, e mesmo o homem do campo, no mato e ele diz ‘ah porque eu sou pobre’, mas não impede a pobreza de se plantar uma árvore na frente da sua casa e irrigar. Você tem sombra, com certeza depois de cinco anos, você tem uma sombra maravilhosa. Não só a sombra é saudável para se ficar na sombra de um pé de juazeiro, ou um pé de quixabeira, ou qualquer uma das árvores que nós temos na nossa região, como tem o oxigênio. Uma planta, por menor que ela seja, uma planta pequena, vamos dizer de um metro, ela produz 260 mil litros de oxigênio. Você já imaginou quanto oxigênio a gente não estaria tendo aqui. Menos doença, porque quanto mais oxigênio você tem, você respira melhor, quanto melhor o ar da natureza menos doenças você terá.

Esse projeto me dói na questão da natureza, mas eu vou lutar agora com certeza, já que tenho o meu amigo querido, que eu gosto muito dele. E pediu licença para que eu assumisse o Dr. Euclides Ferraz, e por sorte minha ele hoje é secretário de Meio Ambiente e eu acredito que junto com ele, com o perfil que ele está fazendo, esse meu projeto vai sair. Eu já agradeci ao prefeito Luciano por ter posto em prática a lei das cores do nosso município nos prédios públicos. Quando eu vi eu já fiquei sensibilizado e imediatamente liguei para ele, agradeci, parabenizei. Porque, na realidade, ele cortou aquela imoralidade que era: eu sou do partido A, pego dinheiro público para botar o meu partido na rua; eu sou do partido B que quatro anos depois eu saio do partido e vou pintar de outra cor.

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Esse dinheiro é nosso, ele pode ser empregado na saúde, no meio ambiente e em tantas outras coisas, então dei parabéns a Luciano. E eu quero ver saúde e meio ambiente, você ensinar, fazer com que a criança e o adolescente de hoje eles saibam que um saco de pipoca, um saco de lixo, um pedaço de pão, um pedaço de bolacha no meio da rua, se jogar, ele vai poluir. Entra em putrefação quando é alimento, é vírus, fungos, bactérias. Quer dizer, isso vai fazer com que as crianças adoeçam, também vai para aonde? Vai entupir os mananciais de água e vai criar focos de muriçoca e muitas outras doenças.

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Farol- Barbosa vai pregar o diálogo entre oposição e governo?

Dr. Barbosa- Então Giovanni, eu vou tentar, não vou como eu disse no discurso, eu não volto para Câmara como executivo, apesar de estar indo através do convite do prefeito, como eu falei, de Márcio, que hoje é secretário e de Euclides também, que juntamente conversaram comigo. E eu volto com certeza mais sensível, eu vou ter que analisar com muito carinho e conversar com colegas da oposição e colocar com outros colegas para que nós vereadores, que é o nosso dever fiscalizar, cobrar sim. Mas, fiscalizar e cobrar tendo mais segurança naquilo. Por exemplo, você já imaginou que na hora que eu constato que eu recebo uma denúncia de um cidadão, de uma senhora que está havendo isso e isso na rua, cabe a mim ir constatar. Ou num construção de um prédio, de uma Upa-e, de uma construção de um posto de saúde, de um PSF que o prefeito vai fazer, de um calçamento que está fazendo.

O dinheiro é público, é nosso, então, cabe a mim e a qualquer cidadão. Eu como vou representar o povo é olhar de perto e conversar com quem está executando aquela obra. Notando que tem algumas irregularidades, por exemplo, tá construindo um posto de saúde. Eu que tenho conhecimento já em construção vou chegar lá e perguntar ao mestre de obras qual é a dosagem desse cimento aqui, mostre aqui como é que está esse traço. Então, eu constatei que, suponhamos um mau traço. O normal seria 6 latas de areia para um saco de cimento, eles dizem, eu estou botando 10. Não, está errado. Cabe a mim procurar o secretário de obras, se for o responsável, o secretário de obras e conversar com ele. Se ele disser eu acho que é assim, eu vou ao prefeito. Se o prefeito disser vou tomar, se ele não tomar eu vou seguir o meu caminho. Eu vou denunciar e vou cobrar por outros meios, agora antes eu não vou chegar na tribuna e dizer ‘aqui é feito, o traçado aqui não são seis sacos, eu boto 10’. Com isso eu vou chegar na tribuna e dizer ‘é um absurdo!’.

Não, eu acho que esse é um papel que não rende nem para mim, nem para a situação do município. Então, é por esse caminho que eu acho que eu vou e com certeza, eu acho que eu vou ter sorte.

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FAROL: Quer dizer que, segundo a especulação da imprensa, o senhor vai fazer parte da base do governo? Pelo que eu entendi o senhor está mais sucinto, mais light. Mesmo que faça parte da base, não vai deixar de fazer seu papel de fiscalizador?

Dr. Barbosa- Com certeza, vou ajudar o prefeito. Não estou dizendo aqui que eu vou estar na base política do prefeito, em nenhum momento. Eu tenho o meu partido e gosto do meu partido e vou até quando der, a não ser que eu tenha que sair por imposição. Até lá eu vou manter o meu partido. Eu não estou dizendo que eu vou me aliar à base política do prefeito, mas vou me aliar no que o prefeito pretende fazer de bom para Serra Talhada. Ele pode ter certeza que eu vou estar do lado dele, lutando por uma Serra Talhada melhor. Se a base para fazer trabalho para Serra Talhada ser melhor, seja na educação, seja na saúde, no meio ambiente, onde for.

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Além de estar ajudando, fiscalizando, porque no momento que eu estou fiscalizando. Que eu constato, eu vou constatar alguma coisa errada, e eu entro em contato com o prefeito e mostro isso é claro que eu estou ajudando o prefeito. E ele com certeza, vai ficar muito feliz, ele não tem tempo para ficar fiscalizando, eu sim. Vou ter tempo de fazer esse papel, ele executar e eu fiscalizar. Então, ele (prefeito) não tem tempo para ficar fiscalizando, ele tem que planejar para implantar, a gente que é vereador fiscalizar, avaliar e discutir com os secretários, diretores e prefeito.

Agora, o que eu peço aos meus colegas da oposição, que antes de ir para a tribuna fotografar, como eu já fiz muitas vezes e hoje acho que não deve fazer, fotografava esgoto no meio da rua e eu não procurava um secretário, não procurava o prefeito e chegava lá dizia ‘isso um absurdo’. Agora, eu vejo hoje, por exemplo, que depois dessas chuvas tem vários e vários esgotos em Serra Talhada estourados por ai, muitos esgotos, inclusive um dentro do meu terreno. Mas se eu chegar de imediato para dizer, ‘secretário, faça o esgoto do meu terreno’. Não, eu tenho que avaliar. Primeiro, não é assim, eu fui secretário de saúde e tenho um bom conhecimento que no setor público não é só chegar meter a mão e fazer. Eu tenho que ver se tem verba no orçamento, tem dinheiro para fazer aquilo, fazer o levantamento de custo, fazer a cotação, para depois se executar. Eu não posso chegar e fazer, mas não é assim.

Farol- Como vai ser esse papel fiscalizador na prática?

Dr. Barbosa-  Então, eu vou tratar o serviço público, eu vou acompanhar imaginando nas condições que eu tenho e que o cidadão tem. A prefeitura não fabrica dinheiro não, ela tem verbas que vêm do governo federal, tem um pouco de verbas que vem do governo estadual e tem arrecadação, independente da situação, que uma hora é boa e outras horas não é. Como eu disse também no meu discurso, todo prefeito de Serra Talhada, desde 89, fizeram alguma coisa por Serra Talhada, eu disse isso lá. Todos já fizeram, uns mais e outros menos, eu disse e vou repetir, todos já fizeram de acordo com o momento econômico, financeiro e político.

Porque nenhum prefeito pode fazer muita coisa se ele não tiver politicamente um “costas largas”, ter alguém trabalhando para trazer verbas para ele. Nenhum político pode fazer nada se a arrecadação é pouca, então, ele tem que fazer com o que tem. E é por isso que peço aos meus colegas vereadores e vou dizer isso na sessão próxima, para quem tiver. Esse era exatamente um dos itens que eu ia falar para os meus colegas vereadores, para que a gente pense e repense. É mesmo o caminho.

FAROL: Como vai ficar a situação do PSB na Câmara. O senhor tem um colega de bancada que é o Dr. Leirson, o líder da oposição. O senhor está entrando agora com o discurso que vai agir de acordo com a sua consciência. Queria saber se já conversou com o Dr. Leirson e se vocês vão ter uma tabelinha, um discurso de afinidade na Câmara?

Dr. Barbosa- Conheço Leirson, meu amigo, meu colega médico. Tenho certeza que não vai haver nenhum problema com relação a mim e a Leirson. Os pontos de vista de Leirson não são diferentes dos meus, o que ele quer para Serra Talhada é o que eu quero para Serra Talhada. A gente não está em palanque, nem ele está em época de palanque, nem e estou em palanque. Agora, como vereador, eu como vereador vou agir de acordo com a minha consciência. Pode ser que naquele trabalho ele também trabalhe de acordo com o que minha consciência defende.

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Eu não sei o que ele está defendendo, mas eu vou respeitar, assim como ele também vai ter que me respeitar. Eu não vou deixar de abrir mão, porque é do prefeito, é um candidato que eu não votei nele, mas é um candidato que é o prefeito de Serra Talhada. Aquela oposição que eu fiz, eu não vou fazer tração, vou defender um perfil para o que eu acho que é melhor para Serra Talhada.

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FAROL: Para finalizar, que mensagem o senhor deixaria agora para o povo de Serra Talhada?

Dr. Barbosa: Giovanni, eu queria dizer a seguinte coisa. Falaram até que me discurso foi muito longo, que foi um discurso meio incompreensível e em certo ponto eu até acredito que sim. Mas o que eu quero dizer é que essa sua colocação para a gente poder responder ao povo, mas começando pelos meus eleitores, foram eles que fizeram eu estar hoje na Câmara, não de entrar imediatamente, mas eu cheguei lá. Se não fossem ele eu não estaria nem lá e nem aqui nesse momento falando sobre isso.

Com relação ao povo de Serra Talhada eu já disse aqui a mensagem, eu vou trabalhar na consciência, junto com o prefeito do jeito que ele me fez, o prefeito me deixou muito lisonjeado. Então, eu tenho uma boa experiência e não babo ninguém, você sabe muito bem.

Agora, o prefeito Luciano Duque, ele foi de uma sabedoria. Não sei se ele já conhecia o meu jeitão de ser, o matuto que eu sou e ele foi de uma sabedoria e de um conhecimento e de uma ética enorme. Quando eu perguntei, depois do convite, ‘prefeito, qual a razão maior de estar acontecendo isso?’, eu imaginei que ele ia dizer ‘não Barbosa, eu lhe chamei porque eu queria que você viesse para o meu lado, ficasse do meu lado na política e me ajudar a fazer alguma coisa, que lá na Câmara ajeitasse as coisas e tal’, mas honestamente, ele me conquistou naquele exato momento quando ele disse, assim mesmo, na minha casa: ‘Barbosa, eu tive muita dificuldade nesses dois anos de gestão que passei, não vou entrar em detalhes, depois até nós podemos conversar, depois nós podemos sentar e conversa.

‘Mas o que eu estou fazendo nesse exato momento aqui na sua casa, eu vou fazer com outras pessoas. Eu estou procurando pessoas de bem, pessoas que tenham contribuído para Serra Talhada, que tenham dado a sua parcela de contribuição. No meu ver você é um cara que deu e está dando muito da sua contribuição. Você foi um diretor e secretário de Ação Social no governo Geni, que eu vi, e fez um bom trabalho’.

‘Você foi secretário de Saúde e foi meu colega, porque eu também fui do planejamento, você fez um excelente trabalho e não tenho nenhuma dúvida porque eu também participei disso. Você foi um vereador que soube se conduzir, você é um médico perito do INSS, você é um cirurgião médico e que até hoje não é do me conhecimento que ninguém diga que Barbosa fez isso ou aquilo errado. Você tem uma linha de trabalho muito bonita. E eu acho que você pode muito bem me ajudar para que eu realize meu sonho para ter uma Serra Talhada melhor, para mim e para os meus filhos. O que eu acredito que também é um sonho seu’. Então, naquele exato momento eu não teria outra coisa a dizer se não agradecer e dizer a ele ‘prefeito, o que tiver dentro do meu pouco conhecimento e que eu possa ajudar a você, eu vou fazer exatamente isso, não tenha dúvida que eu vou fazer’.