O prefeito Luciano Duque aceitou o convite para visitar a redação do FAROL e conceder uma entrevista sobre as últimas movimentações no campo político de Serra Talhada. Por cerca de 30 minutos, ele falou sobre o racha com Marquinhos Dantas e a tensão com Tatiana Duarte, sobre a postura de Waldemar Oliveira, os planos para 2016, e evitou comentar as recentes declarações do ex-prefeito Carlos Evandro, que o chamou de vingativo e construtor da “política pequena”. Ainda tratamos da pauta administrativa, sobre a “caveira de burro” do Samu, o asfalto do Ipsep, IPTU e aumento salarial dos professores. A entrevista foi concedida ao editor do FAROL, Giovanni Sá. Vale a pena conferir!

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ENTREVISTA – PREFEITO LUCIANO DUQUE

FAROL: Bom dia prefeito, o que levou o senhor a exonerar a vice-prefeita do cargo de secretária da Mulher, qual foi o pivô dessa exoneração de Tatiana Duarte da SEMU?

Prefeito Luciano Duque: Bom dia, a cidade é sabedora da postura do marido, das críticas que tem feito ao governo e é natural que se critique quem é oposição. Mas não dava para dissociar os dois e cargo de confiança, ela era secretária da Mulher, cargo de confiança do governo, de um projeto para Serra Talhada. Portanto, a situação ficou insustentável e não tinha mais motivo para manter no cargo.

FAROL: Ainda sobre esse assunto, o ex-prefeito Carlos Evandro deu uma entrevista, no último sábado (28), dizendo que o senhor estava praticando uma política mesquinha. Que o senhor chegou a exonerar a vice-prefeita levado pelo sentimento de vingança. O senhor concorda com essas afirmações do ex-prefeito?

L.D.: Eu prefiro não comentar.

FAROL: O radialista Marquinhos Dantas, foi o locutor da sua campanha em 2012, inclusive com bastante destaque no palanque, e agora já anuncia a sua pré-candidatura para a prefeitura de Serra Talhada e partindo para fiscalizar as obras do governo. Há alguma surpresa diante dessa atitude do radialista Marquinhos Dantas?

L.D.: Não, eu acho normal, natural. Fiscalizar um governo é importante que a sociedade fiscaliza, não só os políticos, radialistas, a imprensa. É preciso ser honesto e falar a verdade, se você fiscaliza 10 unidades básicas de saúde que estão sedo construídas em Serra Talhada, ninguém nunca construiu 10 unidades básicas de saúde em Serra Talhada.

Agora, se esquecem de dizer o seguinte, que o orçamento não foi votado pelo Congresso Nacional, só foi votado agora, esse mês. Portanto os recursos só poderão ser liberados, de obras federais, no Brasil inteiro, não é só em Serra Talhada, após a sanção da presidente da República.

Eu acho que é preciso a gente falar a verdade para o povo e não tentar enganar a população, levando-os a entender que as obras estão abandonadas e paradas por culpa de um governo e não é essa a verdade.

FAROL: O advogado Waldemar Oliveira também é pré-candidato em 2016 e é uma das pessoas que têm aumentado o tom da crítica ao seu governo. O senhor prevê uma campanha em 2016 mais acirrada do que a de 2012?

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L.D.: Olha, 2012 é passado. Nossa campanha será uma campanha propositiva, comparando o passado, mostrando o presente e apontando o futuro. E é isso que nós desejamos para Serra Talhada, o governo que procura trabalhar, que procura fazer, que procura mudar a realidade, em todos os seguimentos na saúde, na educação, no desenvolvimento social, nas políticas de gênero e é isso que a gente tem procurado fazer. Quem quiser fazer a política da crítica pela crítica vai quebrar a cara, porque a população entende quem trabalha e quem vive só de discurso.

FAROL: Ainda dentro dessa seara política, com relação a Waldemar Oliveira e ao grupo do PR, há informações que após a vinda de Márcio Oliveira, o senhor estaria em conversações com outros integrantes do grupo do PR para lhe dar apoio em 2016. O senhor está realmente em conversas nos bastidores com pessoas do grupo de Sebastião em busca de apoio?

L.D.: Nós temos conversado com todo mundo, acho que as pessoas compreendem o cenário político em que eu assumi a gestão de Serra Talhada, a prefeitura com muitas dificuldades. Então, nós passamos esses dois anos tentando reerguer e construindo uma nova pauta. E hoje os resultados começam a aparecer.

Evidentemente, que na política a soma é importante e nós temos procurado somar bastante e atrair várias lideranças para o nosso projeto. Temos conversado com vários líderes políticos de Serra Talhada, e tenho certeza que muito irão compreender e ingressar nesse projeto, que é um projeto que visa o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida do povo de nossa terra.

FAROL: Vamos falar de pautas administrativas. As obras que vêm se arrastando e vem aí o FEM 3, prestes a ser liberado, que só acontece após o senhor prestar contas do FEM 2. Há um prazo para entregar a obra de pavimentação de ruas do Ipsep?

L.D.: Há um prazo até junho e a empresa retomou a obra e tenho certeza que até junho essa obra estará entregue a população. Já começou a terceira etapa, que é a camada em cima da base que está lá. Muitas pessoas criticaram, porque tem buracos, porque tem problemas. E é porque asfalto, às vezes você tem problemas de base, quando cria um chamado borrachudo, você tem problemas quando você não dá o acabamento, infiltra água e estraga o asfalto.

Então, nós tivemos um descompasso por causa da não liberação da terceira parcela. Mas pactuamos com a empresa, ela está executando e com certeza, em junho, nós vamos estar entregando essa obra, e inaugurando junto com o governador Paulo Câmara.

FAROL: E a novela em torno do Samu, como anda prefeito? Tem alguma perspectiva desse serviço começar a funcionar?

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L.D.: Nós tivemos uma reunião aqui na Geres com Dr. Clovis Carvalho, com secretários de diversos municípios da região e eu volto a insistir, não se inaugura um Samu de Serra Talhada, se inaugura um Samu regional. E essa é uma estratégia da Secretaria de Saúde do governo Federal, não é uma estratégia da prefeitura de Serra Talhada.

Não tem o menor sentido funcionar o Samu de Serra Talhada, tem que funcionar o Samu e Central de Regulação das 35 cidades do Moxotó ao Pajeú e é isso que nós estamos colocando. Nessa reunião foi feito um acerto, onde o município de Serra Talhada licitaria o restante dos equipamentos que estavam faltando, para que todos os outros municípios pudessem aderir um ato de registro público.

O que é isso? Ao invés de 35 licitações, cada município fazer a sua, nós faríamos uma licitação aqui, convidaríamos as empresas para comprar seus equipamentos de rádio. Aliás, chamaríamos as empresas para que nós fizéssemos a licitação e a partir daí, dessa ata de registro público, os municípios da região pudessem aderir à empresa ganhadora e adquirir esses equipamentos para poder colocar em funcionamento a Central de Regulação. E aí sim, com isso, nós viabilizaríamos o funcionamento do Samu regional.

FAROL:  Os professores estão iniciando uma campanha pelo pagamento do piso salarial do governo Federal. Com relação a esse piso, o senhor já enviou o projeto à Câmara dos Vereadores? Em conversa com alguns professores, a perspectiva é de conquistar um aumento além dos 13%, como é que está? Tem alguma novidade para os professores?

L.D.: Nós estamos fazendo estudos de impacto na folha, esse ano não é um ano muito fácil para nenhum governo, todas as prefeituras estão com dificuldade. Para se ter uma ideia, a previsão do impacto do piso nas contas públicas, o ano passado, nós tivemos 74 milhões de arrecadação de FPM do bolo geral, esse ano a previsão é de 80 milhões, sobe só seis milhões. Ou seja, a previsão não é nem o real, pode até ser que a crise aprofunde e não chegue a um aumento de seis milhões. E só o aumento do piso, o piso puro, já dá um aumento de sete milhões, então, um milhão vai ficar nas costas das prefeituras.

Então, é preciso que a gente tenha um pouco de sabedoria e discutir o piso, que tem que ser cumprido evidentemente e pactuar com o sindicato, a melhor proposta para que nem saiam perdendo os professores e nem também o governo. Porque também, essa é uma decisão que tem que ser madura, inteligente, não dá para a gente decidir dar um aumento e depois não ter dinheiro em caixa para cumprir com o aumento. Vamos discutir com a categoria e apresentar em breve uma proposta.

FAROL: Com relação ao IPTU, já está chegando o fim de março, começo de abril e o carnê do imposto não chegou à rua ainda. Queria saber do senhor como está essa campanha do IPTU e como analisa essa relação do povo de Serra Talhada com o pagamento do imposto. É uma relação de equilíbrio?

L.D.: Não, não é uma relação de equilíbrio, porque 70% da população não paga. Isso vem se perpetuando, não é de hoje, não vem acontecendo desde esse governo, vem de outros governos. E é preciso ter o entendimento que os investimentos só acontecem quando você tem receita. E toda a receita do IPTU, 25% vai para educação, 15% para a saúde e o restante para outros investimentos. É assim que funciona. Qualquer recurso que entre na prefeitura, ele tem que ser partilhado, evidentemente, que uma arrecadação de um milhão e setecentos mil de IPTU numa cidade do tamanho de Serra Talhada é muito pouco.

Então, as pessoas cobram investimentos em melhorias no calçamento e saneamento, mas não entendem que só o lixo, só a coleta de lixo de Serra Talhada, custa mais que a arrecadação do IPTU. Isso gera um descompasso e por isso mesmo que esse ano Serra Talhada, Araripina, Carpina e Gravatá entraram entre os 100 municípios do Brasil que têm baixa arrecadação e alto crescimento. Nós vivemos um bom momento de crescimento, é uma cidade pujante, graças à atividade econômica existente aqui no setor de comércio, no setor de serviço, de ensino de terceiro grau.

Nós somos um polo de atração de investimentos, esta aí a implantação de todo o sistema “S” em Serra Talhada, inauguramos o Senai. Os órgãos e as empresas acreditam em Serra Talhada, estão investindo em Serra Talhada, agora a população precisa dar mais crédito, acreditar mais no governo, porque nós só podemos avançar e melhorar a vida das pessoas na medida em que as pessoas cumprem seu dever. Pagar o tributo é uma obrigação do cidadão.

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FAROL: Para finalizar, o senhor se sente injustiçado diante de tantas críticas por parte da oposição nesses dois anos, e também da comunidade de um modo geral? Tem esse sentimento de injustiça, ou o senhor acha que as cobranças são normais e dentro do espaço democrático?

L.D.: Olha, as cobranças são normais no campo democrático. Às vezes há algum exagero, mas é preciso que as pessoas consigam entender e talvez as pessoas não separem, que assumir um governo como eu assumi você iria ter dificuldade por dois anos. Esse ano a gente começa a fazer as entregas, entregas importantes, e talvez a compreensão comece a acontecer. Em um momento de campanha se gera uma expectativa muito grande de um futuro com muito investimento, com muito desenvolvimento.

E apesar de toda essa crise que o governo está vivendo, cada semana nós anunciamos mais empreendimentos, mais investimento em Serra Talhada. Isso me deixa absolutamente tranquilo e ciente que a oposição contribui de certa forma para alertar o governo e nós possamos corrigir os equívocos e os erros cometidos dentro da gestão.