duqueFotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

O prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque (PT) abriu o coração para o FAROL na última sexta-feira (10). Sem medir palavras, Duque falou sobre temas considerados tabus na administração, afastou boatos, mandou recado para o irmão e garantiu que está pronto para a batalha de 2016. Confira a conversa na íntegra.

FAROL: Prefeito, bom dia. O senhor desde o início da semana vem realizando o que está se chamando de reuniões de monitoramento, com equipes do governo. Qual é o objetivo dessas reuniões e o que pode acontecer daqui para frente?

LUCIANO DUQUE: Esse ano tem sido um ano diferente, o governo está mostrando a capacidade de entregar as políticas públicas, equipamentos que nós desejávamos entregar a população. E a reunião de monitoramento ela tem o objetivo de melhorar a governança. Ou seja, houve várias mudanças de secretarias e através de avaliações que a gente tem feito periodicamente. A gente identifica os erros do governo, as insatisfações da sociedade e a partir desse modelo de monitoramento, a gente começa a corrigir alguns erros cometidos pelo governo. Precisamos ter a capacidade e humildade de que não somos 100% certos, temos que ouvir o povo e a partir desse diagnóstico, adotar medidas de governança que possam melhorar a contraprestação de serviços à sociedade.

Um dos exemplos que eu posso citar para você é que avançamos, dobramos a capacidade de atendimento. Nos postos de saúde na zona rural tinha atendimento uma vez por mês, hoje são unidades de saúde da família, que tem programas de saúde da família, que tem a semana inteira com médicos uma vez por semana. Ou seja, melhorou o atendimento resolvendo o problema de uma demanda reprimida. Outra questão que o povo reclama ainda é a qualidade do atendimento, temos que corrigir dentro das nossas unidades básicas de saúde, dentro da central de regulação, que nós já melhoramos muito.

Lembro que nós, no ano passado, já tivemos problemas de demandas reprimidas com a central de regulação funcionando de meia noite até amanhecer o dia. Isso nós conseguimos acabar, mostrando a capacidade do governo de construir uma política de melhoria no atendimento à população, mas há muito que se fazer e tenho certeza que esse é o objetivo do governo. Monitorar para que os nossos colaboradores possam prestar um bom serviço à sociedade.

FAROL: Nesse monitoramento o senhor prevê mudanças no secretariado? Chegou até a anunciar que poderia haver mudanças do ponto de vista dos secretários e diretores?

LUCIANO DUQUE: Cada secretaria está saindo dessas reuniões com um planejamento. E o planejamento é importante que haja o cumprimento daquilo que foi efetivamente discutido, e as metas terão que ser cumpridas. Caso não haja o cumprimento dessas metas, evidentemente que haverá mudanças. Eu tenho feito mudanças de cadeiras, boto um para lá, outro para cá e dizendo sempre, você deu uma contribuição, mas precisa melhorar. Então, não basta às vezes tirar um e botar outro, faz um remanejamento para tentar melhorar a política. Colocando também a questão da vocação, às vezes o cidadão está em uma função que não está se adaptando bem e vai para outra e pode até melhorar.

Essa dinâmica é positiva, porque faz uma grande provocação aos grandes colaboradores do governo, mas se houver necessidade, como eu tenho dito a você Giovanni. Se até o último dia do governo for necessário mudar, eu mudarei, não tenho dúvida. Eu acho que a gente sempre faz a mudança tentando acertar, se não acertar a gente muda novamente. Lidar com pessoas não é fácil, às vezes em um governo nem sempre é possível você ter os melhores. Porque os melhores estão na iniciativa privada, estão montando negócio, o salário de uma prefeitura muitas vezes não é competitivo.

Mas, eu tenho procurado me cercar de muita gente boa, de uma equipe boa, pelo menos abnegada e que tem coragem de trabalhar. E o resultado está aí, com a construção de uma nova política na área de desenvolvimento social, de desenvolvimento econômico, agricultura, educação. O governo está começando a mostrar para quê veio. Isso é que é importante.

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FAROL: Vamos entrar na pauta política agora, que está fervendo desde a semana passada. Começando por uma entrevista que a vice-prefeita deu em uma emissora de rádio e tachou o senhor de ditador. Ao senhor cabe essa carapuça de prefeito ditador?

LUCIANO DUQUE: Olha, eu quero que Deus abençoe a nossa vice-prefeita. Eu sou um homem de fé, eu acredito que ela se expressou errado, talvez ela não tenha tido o desejo de me chamar de ditador. Nós tivemos algumas diferenças na política, mas quem conhece a minha forma de governar sabe que eu não ando ditando nada, ao contrário. A equipe governa junto comigo e a mostra está aqui, você está participando de um evento conosco onde a construção da política é feita pela equipe do governo, pelos secretários, pelos colaboradores. Eu apenas oriento, cobro, exijo, esse é o nosso papel. Então, essa carapuça não cabe em mim. Eu digo sempre o seguinte, que Deus abençoe, porque os que me criticam estão me ajudando a governar cada vez melhor.

FAROL: Outro assunto que veio à tona na imprensa, principalmente via rádio, foi a história que o senhor estaria para mudar, deixar o PT para mergulhar no PSB. Inclusive, foi informado que o senhor já tinha procurado o Palácio das Princesas para fazer essa mudança. O senhor está realmente saindo do PT, tem o desejo de sair do PT e migrar para o PSB?

LUCIANO DUQUE: Seria uma ingratidão muito grande. Eu acho que o PT deu e está dando uma grande contribuição para o desenvolvimento de Serra Talhada. Nós temos o maior programa habitacional do interior de Pernambuco, das cidades de porte médio. Captamos recursos para construção na área da educação, de cinco creches, escolas integrais, investimento na área de agricultura, em estradas, em máquinas, investimentos, que se Deus quiser vai se consolidar o aeroporto regional do Sertão. Isso já está acertado entre o governador Paulo Câmara, o senador Humberto, o ministro Eliseu Padilha e a presidente Dilma.

O PT vive uma crise nacional, Dilma está em um momento difícil, mas eu não sou daqueles que pula do barco quando o barco está em situação difícil, não. Estamos conseguindo navegar, tenho o maior respeito pelo PSB, o maior respeito pelo governador Paulo Câmara. Fomos adversários, discutimos diferenças de concepções de projetos de governança, que ele estava contra Dilma e eu estava a favor de Dilma no projeto de Lula, que mudou esse país. Mas não fui me oferecer, não é do meu feitio, e se fosse convidado receberia com muita grandeza, com muito orgulho, com muito respeito. Mas entendendo que nesse momento eu tenho um legado a construir e o PT tem sido um dos parceiros importantes. Senador Humberto, nessa estrada que construímos para Brasília já tem viabilizado recursos importantes, que está mudando a realidade de Serra Talhada.

Eu não tenho nenhum motivo, agora dizer, que se houver um entendimento com o governador para que possamos cada vez mais trabalhar por Serra Talhada, eu desejo ter uma boa relação com o governador, assim como o governador deseja ter uma boa relação com o governo federal. Porque nós que somos governantes temos que ter a maturidade de separar a gestão da política. Política a gente cuida no tempo certo, então, eu até setembro vou estar cuidando de organizar nossos partidos, nossos aliados. Fazendo uma construção para o enfrentamento em defesa desse projeto que nós defendemos. E aqueles que nós podemos conversar e, se for possível, juntar para construir esse projeto de desenvolvimento de Serra Talhada, não tenha dúvida. Sentarei com PSB, sentarei com o deputado Augusto César, sento com todo mundo. Se for para o bem de Serra Talhada eu estou disposto a um acordo com todo mundo que quer o bem da nossa terra.

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FAROL: Podem vir mais adesões por aí para o governo?

LUCIANO DUQUE: Não tenha dúvida que virão. Nós estamos cada vez mais recebendo adesões, estamos conversando com muita gente.

FAROL: Tem mais pessoas do grupo do PR que podem aderir ao governo?

LUCIANO DUQUE: De todos os grupos. Pessoas a gente perde alguns e ganha outros, isso faz parte da natureza da política. Eu não faço político com ódio, nem com rancor, nem quero desejar o mal a ninguém. Eu quero que aqueles que desejam somar a esse projeto que está mudando Serra Talhada e que estão enxergando que nós estamos no caminho certo. Alguns chamam isso de cooptação, mas todo partido faz cooptação. O PR faz cooptação. Ontem (quinta-feira) eu estava acompanhando essa celeuma entre Waldemar e Augusto César, Fonseca sinalizando um entendimento com Waldemar, o que eu entendo como natural, se é o desejo dele. E eu não vejo problema nenhum nesses entendimentos políticos. A natureza do político é construção é fortalecimento, é o papel do político buscar aliados para que se tenha um grupo para decidir um projeto e depois defendê-lo em uma campanha para implementá-lo na governança.

Esse é o meu papel, esse é o papel de Sebastião, o papel de Augusto como político. Quem entender que eu vou ter um papel, como Allan (presidente do PR) disse, um papel ideológico, em política existe o papel ideológico, mas existe a discussão de um projeto que precisa ser fortalecido. E só se fortalece um projeto juntando pessoas, juntando grupos, pessoas que têm bases eleitorais para que se possa disputar o projeto e o povo aprová-lo, para poder governar e mostrar aquele projeto se ele está certo ou não. Então, esse é o meu papel e é o papel da oposição, fazermos a discussão política de alto nível. Sem críticas rasteiras, porque essas críticas não constroem absolutamente nada. Vamos discutir Serra Talhada, o desenvolvimento de nossa terra, o que é que é importante trazer para Serra Talhada? É indústria? É equipamentos como o Instituto Federal, como a gente trouxe? É todo o sistema S, que a gente trouxe? É a implantação de um shopping center, que o município está dando a condição para a implantação para gerar 500 empregos? Um centro empresarial, que está aí na agulha para sair?

Então, é esse o papel do político. Brigar para trazer investimentos para a terra, e não ficar na crítica fácil, que não constrói absolutamente nada. E criticar o que está errado, porque o governante nem sempre acerta. Eu admiro o papel da imprensa porque critica e nos ajuda a governar e ao mesmo tempo, às vezes, educa. Porque eu via hoje no FAROL uma foto de um local onde a população estava colocando lixo e o FAROL está mostrando que população está colocando o lixo no horário errado, ou seja, não está contribuindo para a limpeza da cidade. Esse é o papel da imprensa, como é também o papel do governo, cobrar da sociedade também os seus deveres. Direitos a gente sabe que a população tem, mas também tem os deveres que têm que ser cumpridos por parte do povo.

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FAROL: Em 2012, o senhor teve no leque de partidos o apoio do PMDB, na frente o seu irmão o João Duque Filho. Hoje o PMDB eu sei que vai fechar com o PR, eu conversei com Waldemar  Oliveira que alimenta essa esperança e disse que já tinha uma negociação com o PMDB que tem à frente Duquinho. O senhor vê algum mal estar se isso, por ventura, vier acontecer? Um irmão como adversário?

LUCIANO DUQUE: Não tenho dificuldade nenhuma, Giovanni. Família, eu não governo com a família. A primeira coisa que eu fiz, eu não nomeei irmão, não nomeei parente para secretário, não nomeei o marido da vice-prefeita. Eu montei um grupo para trabalhar para Serra Talhada, eu sou contra o nepotismo. Agora, se o meu irmão entendeu que não tem que ficar do nosso lado, que não concorda com o nosso projeto, eu respeito, entendo. Mas vou continuar fazendo aquilo que eu acho que é importante para a minha terra. Minha família está do meu lado, meus irmãos estão do meu lado, meu pai e minha mãe estão do meu lado. Toda a nossa família está unida em torno do nosso projeto e isso nos basta. Eu vou procura-lo ainda, os vereadores que estão do PMDB, como Dedinha Inácio e Edmundo Gaia estão conosco, firmes e fortes. Muitas lideranças do PMDB estão conosco, mas se Duquinho deseja se contrapor ao nosso projeto, evidentemente que essas pessoas vão sair do partido e outras lideranças irão sair também, porque estão dentro de um projeto que discordam do caminho que está sendo escolhido.

FAROL: Para finalizar, o pré-candidato Marquinho Dantas deu uma declaração que praticamente tomou conta das oposições. Ele vaticinou que em 2017 o PT não governa mais Serra Talhada. E foi comungada por todas as oposições do governo. Em 2017 o PT governa Serra Talhada?

LUCIANO DUQUE: Política não se decide com varinha de condão, nem com bola de cristal. Se ele tivesse esse poder de premonição, ele era um milionário hoje e eu digo sempre o seguinte, o povo vai julgar o trabalho. O povo não vai julgar o discurso fácil e oportunista daqueles que desejam o mal da nossa terra.

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