Publicado às 18h20 desta terça-feira (2)

A família de Elenilde Gomes de Sá Nogueira, moradora do bairro Vila Bela, de 32 anos, está revoltada e sofrendo a morte precoce da serra-talhadense, que estava nas últimas semanas de uma gravidez de alto risco.

Elenilde estava na condição de ostomizada e no oitavo mês de gravidez quando foi internada no Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães (Hospam), no último dia 15 de maio. A família alega que a gestante deveria ter sido encaminha para Recife com urgência, sendo vítima da negligência do hospital.

A tia de Elenilde, Maria Lúcia da Cruz, de 53 anos, acompanhou de perto o drama da grávida. Em entrevista ao Farol de Notícias ela deu detalhes do caso. Segundo Maria Lúcia, Elenilde passou seis dias internada em Serra Talhada e somente após a família custear uma ultrassom descobriu-se que o bebê estava morto em sua barriga há cinco dias.

“Minha sobrinha era ostomizada, por isso a gravidez era de alto risco. Sempre que sentia algo tinha que ir ao Hospam para eles darem um encaminhamento para ela ir para Recife, foi a ordem do médico. Nas duas primeiras vezes ela se sentiu mal, sangrou e levaram ela para Recife. Mas na terceira vez disseram que ela estava indo só passear em Recife, internaram ela aqui mesmo no dia 15 e ela sentindo dor, gritando e as enfermeiras pedindo para eu fazer ela parar de gritar que estava chamando atenção do hospital. Agora a barriga dela só ficando dura e eles dando Buscopam a ela. A gente pedia para fazer ultrassom e eles dizendo que a máquina estava quebrada, pedia para liberarem para ela fazer particular e diziam que não tinha ambulância”, relatou.

ANGÚSTIA DA FAMÍLIA

Maria Lúcia também descreveu a angústia da família após o falecimento da gestante. Segundo ela, o marido de Elenilde, de 28 anos, não consegue trabalhar e cuidar do seu outro filho de 1 ano e 9 meses desde o ocorrido, pois desenvolveu uma depressão pela perda da esposa e seu bebê. A família clama ao Hospam mais cuidado, profissionalismo e responsabilidade com seus pacientes.

“A irmã dela pegou ela, levou no carro dela e fez o exame. Lá o médico disse que o menino tava morto há cinco dias que precisava de uma cesárea. Os médicos daqui disseram que não tinha como fazer a cirurgia porque não tinha antibióticos no hospital. Levaram correndo para Recife no dia 21, quando foi dia 23 ela se operou e por ser ostomizada já perdeu mais uma parte do intestino, o útero e os ovários, tava tudo podre. Entrou em coma, teve uma infecção generalizada e morreu dia 26 de maio. Deixou um filho de 1 ano e nove meses aí sem mãe, o marido que é servente de pedreiro tá numa depressão. A família só quer que o hospital não deixe isso acontecer com mais ninguém, por negligência foram duas vidas. As pessoas são tratadas como cachorro e isso não é certo. Eles precisam ter atenção com os pacientes”, exigiu Maria Lúcia.

O OUTRO LADO

A reportagem do Farol entrou em contato com o Hospam, através do diretor geral João Antônio Magalhães, para ouvir a versão do hospital sobre o ocorrido.

Por meio de nota, o gestor afirmou que os fatos estão sendo investigados pelos setores administrativos da instituição.

O Hospam também disponibilizará a família o prontuário da paciente para avaliação externa.

“A Direção Geral e Direção Clínica estão cientes do caso, inclusive da denúncia feita pela família e estamos apurando os fatos para tomar medidas cabíveis, caso seja constatada a falha. Já iremos fornecer a família cópia do prontuário, conforme solicitado”, informou João Antônio.