Do g1 Pernambuco

Foto: Governo de Pernambuco/Divulgação

Pernambuco atingiu o maior número de pessoas com problemas respiratórios internadas em UTIs, em seis meses. Diante disso, o governo determinou, nesta segunda (10), a redução do público em eventos, com a cobrança de teste negativo para o novo coronavírus. Também anunciou a ampliação da cobrança de “passaporte da vacina” para entrada em locais como bares, restaurantes, museus, cinemas e teatros.

Segundo a Secretaria estadual de Saúde (SES-PE), no domingo (9), 731 pacientes estavam em leitos da rede. Isso significa uma taxa de ocupação de 86%.

Um idoso morreu após ficar 14 dias esperando uma vaga de UTI, no Recife. Israel Fernandes de Lira foi internado no dia 26 de dezembro com insuficiência respiratória e teve diagnóstico de influenza A H3N2.

Em 27 de julho de 2021, 745 vagas estavam ocupadas. Além da Covid, o problema é provocado pela alta nos casos de gripe.

As novas determinações foram anunciadas após uma reunião do Gabinete de Enfrentamento à Covid-19, no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo, no Recife. As medidas entram em vigor na sexta (14) e valem até o dia 31 de janeiro.

De acordo com o decreto que altera o Plano de Convivência com a Covid, a comprovação de vacinação, com o “passaporte”, será de duas doses ou dose única, para pessoas até 54 anos, e de dose de reforço, para pessoas acima de 55 anos.

Nos eventos, além do passaporte vacinal, será exigida a apresentação de teste negativo de Covid, sendo com 24 horas de antecedência para exames de antígeno e de 48 horas para exames de RT-PCR.

O número máximo de frequentadores será de 50% da capacidade do espaço ou 3 mil pessoas em locais abertos, e mil pessoas, em locais fechados. Até a sexta (14), vale no estado o limite de 7.500 pessoas em eventos.

Por meio de nota, o governo justificou as novas medidas informando que “a ocupação dos leitos de terapia intensiva no estado chegou a 85% nesta segunda”.

O governador Paulo Câmara (PSB) disse que, além da Covid, Pernambuco passa pela epidemia de Influenza. Por isso, informou, é preciso ampliar a exigência do “passaporte da vacina” e “diminuir a quantidade de mais de 500 mil pernambucanos que não concluíram sua imunização.”

Segundo a nota, o governo apresentará detalhes sobre o novo protocolo para eventos na terça (11), às 11h.

Dados

Desde o início da pandemia, em março de 2020, Pernambuco totaliza 649.459 casos de Covid e 20.511 mortes.

O número de solicitações ativas de leitos de UTI e de enfermaria para pacientes com problemas respiratórios cresceu 858%, em duas semanas, em Pernambuco.

Segundo dados de painel com informações públicas elaborado pelo governo, a quantidade de pedidos saiu de 43 para 412, na comparação entre 4 de janeiro e 21 de dezembro.

Na quinta (6), Pernambuco confirmou os primeiros 31 casos de pessoas com dupla infecção da Covid-19 e Influenza, apelidada de “flurona” (união dos termos “flu”, de influenza, com “rona” de coronavírus) na imprensa internacional.

O termo não designa um novo tipo de doença, apenas uma forma simplificada de se referir à ocorrência simultânea das contaminações.

Até o dia 6 de janeiro, tinham sido registrados 6.392 casos de Influenza A em Pernambuco, com 38 óbitos, mas o governo afirmou que esse é um número menor que a realidade, já que faz referência aos resultados dos exames realizados pelo Laboratório Central (Lacen) do estado.

Na sexta (7), municípios pernambucanos alertaram para a falta de remédios e insumos básicos. Segundo o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Consems), o médico Edson de Souza, em algumas cidades não havia mais dipirona, soro e Tamiflu, antiviral usado em doentes com Influenza.

No mesmo dia, representantes do conselho e prefeitos participaram de uma reunião com o governador de Pernambuco. Gestores municipais pediram que o estado revisse os protocolos e determinasse restrições de eventos grandes, como as festas de carnaval privadas.

Também na sexta, o governo confirmou os primeiros casos da variante ômicron no estado. Das 80 amostras coletadas entre novembro e dezembro de 2021, 21 delas, ou 26%, foram positivas para essa linhagem da Covid-19. O estado disse que não foi registrada nenhuma morte por causa dessa variante.

Na semana passada, o Recife suspendeu os festejos de rua e disse que pode fazer carnaval fora de época ainda em 2022. Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca, no Grande Recife, e Bezerros, no Agreste, cancelaram a festa.

MPPE

Também nesta segunda, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) expediu recomendação para que promotores e procuradores “intensifiquem o diálogo com prefeitos e secretários de Saúde de todos os municípios pernambucanos”.

Segundo o procurador-geral do estado, Paulo Augusto Freitas “a situação atual demanda o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública”.

O MPPE aponta a necessidade de “ampliação da rede assistencial à saúde, avanço na vacinação e reforço na fiscalização das medidas não farmacológicas para prevenção, como distanciamento social, uso correto de máscaras e higiene sanitária.

Os promotores e procuradores foram orientados a cobrar a retomada dos planos de contingência municipais, com atenção integral às pessoas diagnosticadas com Covid-19 e gripe causada pelo H3N2.

Nesse sentido, o MPPE vai fiscalizar o funcionamento das unidades de saúde e a reativação de leitos de retaguarda, enfermarias, hospitais de campanha, dentre outros, “a fim de ampliar a capacidade de atendimento”.

O segundo ponto de atenção é a vacinação. A recomendação aos promotores é de cobrar a ampla divulgação da importância de o município imunizar os cidadãos, realizar busca ativa dos indivíduos que ainda não completaram o ciclo vacinal e reforçar as equipes nos pontos de vacinação, de modo a ampliar os horários de atendimento.