Da BBC News Brasil

Foto: EPA

O governo de Israel e grupos armados palestinos atuando em Gaza confirmaram nesta quinta-feira (20/05) ter aceitado um cessar-fogo no conflito na região que já dura 11 dias.

A trégua teve início às 2h da manhã de sexta-feira (21) no horário local (20h de quinta em Brasília) e foi mediada pelo Egito — com participação importante também do Qatar e das Nações Unidas.

Em nota, o gabinete de segurança de Israel afirmou que o acordo “bilateral e incondicional” foi acatado por unanimidade em uma reunião com militares e membros do alto escalão do governo.

Militantes palestinos atuando em Gaza, sobretudo o Hamas e a Jihad Islâmica, também confirmaram o cessar-fogo.

Os conflitos iniciados em 10 de maio foram os mais violentos desde 2014, deixando 232 mortos em Gaza e 12 em Israel. A situação eclodiu após semanas de crescente tensão entre israelenses e palestinos em Jerusalém Oriental, culminando em confrontos em um local sagrado reverenciado por muçulmanos e judeus.

O Hamas começou a disparar foguetes após exigir a retirada de forças israelenses do local, desencadeando ataques aéreos em retaliação.

Apenas nesta quinta-feira, antes da trégua, Israel realizou mais de 100 ataques aéreos contra bases do Hamas no norte de Gaza, que retaliou com foguetes. O principal aeroporto de Israel, o Ben Gurion, foi fechado para todos os voos.
Soldado israelense mulher olha para rastros e fumaça perto do Domo de Ferro, um escudo antimíssil israelense.

Nos últimos dias, autoridades israelenses e palestinas passaram por maior pressão internacional pelo fim do conflito.

A Assembleia Geral da ONU realizou uma sessão especial sobre a situação, em que muitas partes pediram um cessar-fogo imediato.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou essa semana estar “profundamente chocado” com o contínuo bombardeio realizado por Israel contra Gaza, o que segundo ele criou um “inferno na Terra” para crianças palestinas.

Na noite de quinta-feira (20/5), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um pronunciamento a partir da Casa Branca em que lamentou as “trágicas mortes de tantos civis” no conflito, incluindo crianças dos dois lados (65 em Gaza e duas em Israel).

“Envio minhas sinceras condolências a todas as famílias, israelenses e palestinas, que perderam pessoas queridas”, discursou Biden, acrescentando que os EUA estão dispostos a trabalhar com a ONU na reconstrução de partes de Gaza e no fornecimento de ajuda humanitária.

Esta semana, os EUA bloquearam uma declaração do Conselho de Segurança da ONU que pediria que Israel interrompesse sua ofensiva militar.

Falando da Casa Branca, Biden afirmou que Israel tem “direito de se defender”, algo que ele disse ter enfatizado em conversa com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

“Os Estados Unidos apoiam integralmente o direito de Israel se defender contra ataques indiscriminados de foguetes lançados pelo Hamas e por outros grupos terroristas baseados em Gaza”, disse o presidente americano, comemorando a cooperação militar entre ambos os países, acionada pelos israelenses no conflito.