Do Diario de Pernambuco

Foto: Patrick Fallon/AFP

Quatro viajantes brasileiros chegaram ao Japão contaminados por uma nova variante do coronavírus. De acordo com o anúncio do Ministério da Saúde do Japão, deste domingo (10), os brasileiros desembarcaram em Tóquio, no aeroporto Haneda, logo depois da virada de ano, em 2 de janeiro. As pessoas do grupo, formado por uma mulher de 30 anos, um homem de 40 anos e dois adolescentes, são do estado do Amazonas e apresentam diferentes sintomas.

“Até o momento, não há indícios que mostram que a nova variante encontrada nos brasileiros é altamente infecciosa”, disse Takaji Wakita, chefe do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão. O oficial explicou que já estão sendo realizados testes para determinar a eficácia das vacinas contra a variação.

De acordo com o relatório do governo japonês, dos quatro viajantes, um dos adolescentes não apresentou sintomas e outro teve apenas febre. Dos adultos, a mulher, de cerca de 30 anos, teve dor de cabeça e garganta, e o homem, de cerca de 40 anos, apresentou problemas respiratórios.

Segundo o ministério, essa mutação é diferente das outras duas encontradas no Reino Unido e na África do Sul. Ambas provocaram disparada de casos da Covid-19 nos países em que se originaram, mas ainda não há informações sobre uma possível variante brasileira.

O Japão já registrou quase 290 mil casos da Covid-19 e soma mais de 4 mil mortos pela doença. Após o crescimento do índice de novos casos, foi declarado estado de emergência em Tóquio e cidades do entorno na última quinta-feira (7).

Mutações

As variantes do coronavírus originárias do Reino Unido e da África do Sul compartilham uma mutação comum chamada N501Y, uma leve alteração na proteína spike que envolve o vírus. Acredita-se que essa mudança é a razão pela qual eles se disseminam tão rapidamente. A variante já foi detectada em São Paulo, em dezembro. A maior parte das vacinas sendo lançadas no mundo treina o corpo para reconhecer essa proteína e combatê-la.

Nesta semana, a farmacêutica Pfizer divulgou os resultados de um estudo que mostrou a eficácia da vacina da empresa contra 16 novas variantes. No entanto, a pesquisa ainda precisa incluir outras mutações. Na África do Sul, por exemplo, a variante tem uma mutação adicional, chamada E484K, já identificada em amostras no Rio de Janeiro e Bahia. A A E484K não estava entre as testadas na pesquisa. A farmacêutica diz que ela é a próxima da lista.

O caso registrado na Bahia é de uma profissional de saúde que foi reinfectada pelo coronavírus em outubro. Ela não tinha histórico de viagem à África do Sul e também revelou aos pesquisadores não saber se alguém com quem teve contato esteve no país.