Texto enviado pelo leitor João Alderney, faroleiro

Prezados amigos do nosso querido FAROL DE NOTÍCIAS, li no Jornal do Commercio, do dia 22 de dezembro, uma reportagem de página inteira com a poetisa Lenemar Santos, moça pobre do Recife, que vende no trânsito um livreto com suas poesias por R$ 2. Destaquei a poesia NEGRA, que achei belíssima e transcrevo abaixo para meus distintos amigos internautas.

 Grande abraço,
João Alderney

NEGRA

(Lenemar Santos)

“Sou uma ilha negra

cercada de preconceitos

por todos os lados.

Sou mulher, pobre e nordestina.

Sou negra e excluída.

Carrego dentro de mim

ecos dos tambores,

a bênção dos ancestrais,

o suor dos caçadores,

proteção dos meus deuses.

A selva, o deserto e a savana,

rugido dos tigres,

liberdade das aves

e as águas do Nilo

correm em minhas veias.

Por isso cuidado,

o vermelho dos meus olhos têm a

fúria das florestas.

Evoco os guerreiros, a lança

e a zarabatana.

Sou negra sem correntes,

sem chibata, sou mulher,

sou livre como os ventos

da África”