Do G1 Mundo

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, pediu calma nesta quinta-feira (29) antes da abertura dos mercados, diante das tensões provocadas pelo anúncio feito na véspera de que o país vai iniciar um processo para estender os prazos de vencimento de sua dívida com credores privados e decidiu renegociar o vencimento dos seus empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Está em nossas mãos contribuir para a tranquilidade sem gerar medos nem sustos”, disse Macri durante um evento de lançamento de um estaleiro, segundo a France Presse. “Sei que não é fácil; há desconfiança e às vezes raiva, e parece difícil chegar a consensos, mas é óbvio que quanto mais dialoguemos, mais calma e serenidade vamos levar aos argentinos”.

As medidas anunciadas na véspera pelo ministro da Fazenda, Hernan Lacunza, buscam prorrogar os prazos da dívida de curto e longo prazo nas mãos de investidores institucionais e os bônus emitidos no mercado interno e internacional. “A prioridade hoje é garantir estabilidade, porque é inútil lançar medidas de reativação se não houver estabilidade”, afirmou Lacunza, em entrevista à imprensa.

A Argentina obteve uma ajuda financeira do FMI de US$ 56 bilhões no ano passado, que tem seus primeiros vencimentos em 2021. O governo também enviou ao Congresso um projeto de lei para incentivar o refinanciamento voluntário da dívida “sem redução de capital nem de interesses, apenas com a extensão de prazos”, disse Lacunza.

A crise econômica argentina se acentuou desde 11 de agosto, quando Macri sofreu um revés eleitoral nas eleições primárias, em que ficou 15 pontos atrás do peronista Alberto Fernández na disputa para as eleições presidenciais de outubro.

“Temos 59 dias até as eleições. Que transcorra da melhor maneira é minha responsabilidade como presidente, mas não depende nunca só de um governo”, disse Macri nesta quinta.

A Argentina está atualmente em recessão, com uma taxa de pobreza de 32% e inflação de 25% no primeiro semestre, uma das mais altas do mundo.