Foto: Farol de Notícias / Celso Garcia / Arquivo do Centro Dramático do Pajeú

Publicado às 18h45 desta segunda (19)

O Dia Nacional do Teatro é comemorado em 19 de setembro como uma das formas de homenagear a forma de arte mais antiga da humanidade. Em Serra Talhada, um dos maiores expoentes do teatro, com 46 anos de atuação e uma vasta experiência em cena, nas produções e direção de espetáculos, o serra-talhadense Modesto Lopes é resistência cultural pulsante no Sertão.

Modesto Lopes de Barros, tem 73 anos, vividos com muita garra e luta pela arte e pela cultura. Aos 19 anos saiu de casa para aventurar a vida em São Paulo em 1968, em meio a um período difícil para os artistas, durante a Ditadura Militar. No Sudeste pode estudar teatro em grandes centros de formação de atores.

Sua primeira sala de aula teatral foi na Casa de Cultura de Israel na Escola de Berta Zemel, também se certificou no Teatro Escola Macunaíma, um dos maiores do país. Lá participou de produções independentes e foi dirigido por grandes nomes do teatro paulista. Após 20 anos, retornou para as veredas serra-talhadenses e ajudou a criar a cultura teatral na cidade.

Ao lado do editor chefe do Farol, Giovanni Sá, montou a 1ª Oficina de Teatro, em 1989, na Escola Methódio Godoy. Nos anos seguintes, ao lado de Anildomá Williams, realizou a primeira Mostra de Teatro no auditório do Colégio Imaculada Conceição. De lá para cá, Modesto não parou mais e segundo ele, os anos efervescentes do teatro foram entre 1990 e 2000.

Em conversa com o Farol de Notícias, Modesto destacou que os atores sempre tiveram que produzir seus próprios espetáculos e nos citou alguns de sua carreira. O infantil O Circo Rataplam, com o texto de Pedro Veiga; o recital Negro, de Roberto Aureliano; B em Cadeira de Rodas, de Ronald Hadde, que encenou ao lado de seu grande amigo Ednaldo Cordeiro (in memoriam).

“Embora Serra Talhada tenha uma história legal com o teatro, nunca foi de muito vigor. Hoje acontece esporadicamente, eu vejo com muita dificuldade. Houve momentos que teve uma certa efervescência maior, até os anos de 2006. De lá para cá não tem sido, não é só o Massacre de Angico que abrange todo mundo por ser um espetáculo muito grande e isso eu credito à Fundação Cabras de Lampião. Mas o resto tem sido na base da resistência e eu acho que de forma penosa”, avaliou Modesto, complementando:

“Temos o Centro Dramático do Pajeú, acabamos de completar 33 anos, e temos atuação. Paramos na pandemia e sentimos o impacto das pessoas, dos atores e atrizes terem que buscar outras formas de vida e não disponibilizar tanto tempo e empenho ao teatro. Mas o que eu gostaria muito é que a gente pudesse mais possibilidades da gente fazer o teatro. De ver o Teatro Municipal funcionando, está pronto e falta o investimento para o figurino. Temos também o CEU das Artes, mas ainda não utilizamos da forma que deveria. A gente sofre com essas angústias”.

Modesto dedicou muito de sua carreira na formação de novos atores e atrizes que até hoje enveredam pelo mundo das artes