Publicado às 14h45 desta sexta-feira (18)

Por Jéssica Guabiraba, especial para o Farol

Meiry Paula da Silva, 32 anos, moradora da Caxixola buscou o Farol de Notícias para denunciar mais um caso de mau atendimento no Hospital Professor Agamenon Magalhães (Hospam). Nessa quarta-feira (16) pela manhã, João Batista, 52 anos, tio de Meiry, passou mal após, segundo ela, uma alta repentina de pressão, forte cansaço, dores nas costas, dores abdominais e vômito.

Ele foi levado para o Hospital. Ela relata que chegando lá, o médico não olhou a ficha do paciente e ia passando outro tipo de medicação, sob risco de agravar a situação.

“Depois de passar pela triagem, ele foi logo encaminhado para o atendimento médico, porque a pressão estava em 19 por 9, o médico não olhou a ficha médica e nem olhou na nossa cara, perguntou os sintomas e eu falei, ele colocou na prescrição dipirona, água destilada, Plasil e soro fisiológico, quando eu olhei perguntei a ele se ele não ia passar nada pra baixar a pressão e ele me respondeu: ‘Que pressão?’, sinal que ele não olhou nem o relatório da triagem, além da pressão alta, meu tio estava bastante cansado.”

Meiry ressalta que o médico também foi rude e não queria ouvir o que ela tinha a dizer.

“Insisti pela medicação de pressão e ele disse que não, que primeiro ia tratar do vômito, foi quando eu disse: ‘o senhor tem que passar a medicação para pressão, porque ele pode estar com esses sintomas por causa da pressão’, ele me respondeu “por que você não medica ele l  então?’ Mas, quem tem que medicar é o médico, não sou eu, se fosse assim eu nem tinha levado ele.”

Ela diz que quando o médico finalmente se dispôs a olhar os sintomas na ficha do paciente, queria então encaminhá-lo para o setor de Covid-19. Foi preciso a enfermeira entrar e falar com o médico para solucionar o problema.

“Como meu tio estava sentindo dores nas costas, dores abdominais, vômito e cansaço, eu perguntei ao médico se não poderia ser infarto e ele me disse: ‘não sei não, não sei dessas coisas não, fale aí com a enfermeira, se está cansado, nem é para cá, leve para outro lado, no setor de Covid-19’. Mas meu tio não tem Covid-19. Eu sai da sala e encontrei a enfermeira, ela pegou a ficha e entrou na sala dele, voltou com a prescrição riscada, porque meu tio com pressão alta não poderia tomar soro fisiológico. Ela medicou meu tio com remédio para enjoo e o da pressão.

Meyri ressalta que a equipe de enfermagem foi atenciosa com João Batista, prepararam todos os exames e medicação, houve uma troca de médico e logo o tio dela teve alta.

“Depois que a enfermeira falou com ele, foi que ele pediu um ECG e pediu um Raio-x de tórax, quando Dr. Emerson foi embora, o outro médico repetiu os exames e em seguida deu alta a ele, que já estava com a pressão estabilizada.”

RECADO À POPULAÇÃO 

Devido a situação, Meyri quer deixar um recado a todos que precisam do atendimento do SUS, ela relata que é importante se informar, pois se ela não soubesse o histórico do tio, ele poderia ter morrido.

“Se fosse uma pessoa leiga, teria pego a requisição e tinha levado para enfermaria, elas não teriam culpa, mas iam medicar de acordo com o que ele colocou e era capaz de meu tio morrer, porque ia tomar um soro fisiológico com a pressão altíssima. E aí se ele morre, iam dizer que foi Covid-19, doença que ele nem tem. Eu fiquei indignada com o atendimento, se fosse um familiar dele, tenho certeza que ele ia querer atenção. Infelizmente acontece com outras pessoas, graças a Deus eu vi o erro e pude consertar, mas muitas vez pode passar despercebido.”

Ao ser questionada sobre fazer a denúncia, Meyri se pronunciou da seguinte forma:

“Eu já fiz na ouvidora, ia procurar a direção, mas me orientaram ir na ouvidoria primeiro, também vou ao Ministério Público. Eu sei que ele não vai ser penalizado, mas eu quero que ela seja pelo menos notificado para atender com atenção outros pacientes.”

O OUTRO LADO

A reportagem conversou com o diretor do Hospam, João Antonio, que afirmou encaminhar o caso para a direção médica da unidade.