Na manhã desta terça-feira (17) a reportagem do FAROL foi recebida pela secretária de Saúde de Serra Talhada, Márcia Conrado. Há sete meses o FAROL buscava o diálogo com a secretária, e, finalmente, Márcia falou sobre assuntos como o Samu, licitações de medicamentos, atendimento ao público e justificou a paralisação das obras de 10 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Confira a entrevista na íntegra.

marcia conradoFotos: Alejandro García / Farol

FAROL: A ex-secretária de Saúde, Socorro Brito, em uma entrevista ao FAROL fez críticas à falta de funcionamento do Samu. E segundo ela, no período em que foi secretária, deixou recursos para que o Samu pudesse ter início as atividades para a população. Na opinião dela está faltando vontade política do governo para o Samu funcionar. A senhora concorda com essa afirmação da ex-secretária, Socorro Brito?

Márcia Conrado: Tivemos a secretária Socorro Brito, depois Dr. Luiz (Aureliano) e depois eu, cada um trabalhou bem enquanto esteve na pasta, mas cada um tinha sua prioridade. A questão que a gente ainda não inaugurou o Samu não é sobre recursos, a questão é que tem uma portaria, a 1010 e tem mais uma nova e uma resolução para ser seguida. Então, para habilitar o Samu não adianta só Serra Talhada habilitar, porque eu preciso das 30 unidades de suporte básico das outras cidades. Quando vai habilitar, ele habilita naquela condição de número de habitantes que tem na portaria. Então, se eu colocar só Serra Talhada tem o recurso para pagar os profissionais de Serra Talhada, mas eu nunca vou receber a contrapartida do estado e federal porque eu não vou habilitar as outras cidades, e aqui o Samu uniu Serra Talhada e mais 34 cidades.

Então, não adianta a gente só dizer, ah vou inaugurar o Samu. Realmente, como ela (Socorro) disse a contrapartida municipal foi muito grande. O esforço da gente foi maior ainda em entregar o prédio em dezembro e amanhã vai ter uma reunião com os outros secretários das outras cidades para ver as pendências que têm. Não adianta a gente está apontando culpados, adianta a gente procurar soluções e a solução está perto de ser encontrada. Amanhã (quarta-feira) na reunião a gente já sai com alguma resolução. E digo a você, Serra Talhada não tem nada para travar, ao contrário, a gente está sempre buscando inaugurar ele.

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FAROL: A senhora arriscaria eleger um prazo para o Samu começar a funcionar?

M.C.: Após a reunião de amanhã sim, pois eu vou ver como as cidades estão organizadas. Então, após a reunião de amanhã quando a gente sentar com os outros secretários eu vou sair com esse prazo definido.

FAROL: A gente vai mudar um pouco de assunto para falar da história do superfaturamento dos medicamentos, que é uma novela que vem rolando desde o ano passado. O vereador Gilson Pereira ingressou com um pedido de investigação no Ministério Público Federal, o que a senhora espera que aconteça vindo do Ministério Público? Existe alguma apreensão com relação à investigação sobre o possível superfaturamento?

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M.C.: Vou repetir, nunca foi falado nessa questão de superfaturamento. É tanto que vereadores da oposição e da situação que estavam na reunião saíram em defesa que essa palavra nunca foi utilizada. O que aconteceu foi que assim que eu entrei no governo, essa história já está tão… Assim que eu entrei no governo é normal eu querer saber de todos os contratos que são realizados. A quem eu vou comprar e a quem eu vou pagar e o valor que eu compro tudo.

Então, não só com os medicamento, assim também como com os laboratórios que fazem os testes citológicos, que o valor era R$15 e pela lei eu só podia pagar o valor SUS mais 100% que eu já vim e passei aqui no conselho e foi aprovado isso, a gente conseguiu baixar o valor para R$ 13 e alguma coisa. E vários outros contratos a gente foi baixando esses valores que não é que estavam superfaturados, mas estavam em um valor que eu considerei que poderia diminuir.

Questão de superfaturamento não existe porque pelo próprio Ministério tem uma tabela de preços. Então, se você comparar os preços que a gente comprava com os preços da tabela do Ministério não se chegava a essa tabela, só que com outras empresas a gente conseguiu baixar o valor, com uma não. A gente resolveu, para acabar com o atrito, acabar o contrato. Mas superfaturamento nunca foi falado nisso não.

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FAROL: Quase sempre, no cotidiano da cidade, via rádio, comentários no FAROL, há reclamações sobre falta de medicamentos e mau atendimento. E a gente recebe muitas queixas no FAROL são leitores reclamando do mau atendimento, seja nos posto de saúde, seja na secretária de Saúde, seja na central de regulação. Essas críticas acabam respingando na secretária, a senhora se sente injustiçada devido a essas críticas? O governo tem feito alguma coisa para melhorar o atendimento à população?

M.C.: Não, injustiçada não me sinto. Eu sei que quem vem procurar a saúde já se encontra debilitado e realmente precisa de alguma atenção especial. A gente tem tomado às decisões no sentido de mensalmente tem tido reuniões com as equipes, onde eu tenho frisado muito nessa questão de humanidade, porque eu não admito ninguém sair e ser maltratado. Chegar, precisar ser atendido e ser maltratado. E eu sempre peço e agora eu coloquei a ouvidoria, que fica na Secretaria Municipal de Saúde, que tem uma pessoa exclusiva para anotar as reclamações, principalmente as questões de mau atendimento.

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Tenho divulgado nas rádios, e as denúncias que chegaram a mim, eu estou indo atrás e a gente tem melhorado bastante. Eu já elogio, quando eu vou fazer visita em um PSF, eu sempre vou às casas ao redor e pergunto como é que está, como é o atendimento. E agora eu sinto já uma aceitação melhor, talvez pela cobrança que eu faço a equipe aqui nas minhas reuniões mensais. Isso é uma prioridade minha, eu não aceito, em nenhum momento, um funcionário tratar mal a população.

FAROL: Nesse período que a senhora sofreu uma forte pressão, no momento logo após sua chegada. Teve um momento que a desconfiança esteve relacionada a questão da idade, de ser bastante nova para o cargo, não ter experiência no executivo, houve um momento de muita pressão em sua cabeça. Em algum momento a senhora pensou em entregar o cargo?

M.C.: Não, porque ao mesmo tempo em que eu tenho muita pressão, eu tenho muitas mãos amigas. Na Câmara de Vereadores eu agradeço muito os parlamentares da situação como os da oposição. Eu sempre sento, converso, vejo onde eu posso melhorar, onde eu posso seguir certo. Na própria equipe, com os próprios secretários. Então, ao mesmo tempo em que a gente sente pressão de um lado, a gente sente que eles acolhem de outro e vai me guiando para a gente tomar uma posição certa.

FAROL: Tem carta branca do prefeito Luciano Duque? Ele tem apoiado?

M.C.: Tenho, graças a Deus tenho. Tem me apoiado.

FAROL: Com relação às Unidades Básicas de saúde, a gente tem visto uma série de unidades muitas em construção, mas boa parte delas está parada. Tem previsão para recomeçar esses trabalhos? O que está acontecendo para ocorrer a paralisação dessas obras?

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M.C.: Essas obras vieram de um recurso federal, desde setembro algumas obras já tinham o parecer favorável, mas não foi liberado o dinheiro. Primeiro pela justificativa de estar no período eleitoral, agora tem 15 dias que eu fui a uma reunião, em Recife, e pelo que eu ouvir falar é que a coisa não está muito boa para vir esses recursos. Porque, ainda não se falou em orçamento de saúde.

Ainda não foi aprovado e a minha perspectiva é que só venha a ser liberado lá para junho. Só que a gente não está de mão fechada, de mãos paradas em relação a isso. Caiçarinha da Penha, amanhã será inaugurada a reforma do posto de saúde, já lhe convido. A gente com recurso próprio, com a contrapartida municipal, estamos organizando e vamos tentar entregar o máximo de obras possíveis.

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FAROL: Qual a prioridade da secretária, Márcia Conrado para 2015?

M.C.: Minha prioridade é o centro de reabilitação no Alto da Conceição, porque a gente tem um número de pacientes, principalmente de crianças deficientes que precisam de uma atenção especial. Eu estive visitando a AACD e temos 51 pacientes que fazem tratamento lá e, às vezes, por uma besteira sai a criança com o acompanhante daqui de 20h para ser tratado lá, para chegar 10h da manhã. É um sofrimento.

Eu estive lá, já estive em Campina Grande, que eles também estão abrindo lá. E a minha prioridade é a seguinte: se não vir recurso eu vou ver uma forma de inaugurar o PSF do Alto da Conceição, nem que a gente entre com uma contrapartida maior, e o do Borborema, que também é um PSF sofrido. Para deixar aquele espaço que era o antigo Nasf para a gente fazer o nosso Centro de Reabilitação, que já foi aprovado.

FAROL: Tem mais alguma coisa que a senhora gostaria de falar?

M.C.: Eu queria mostrar que você diz que a gente recebe muita pressão, e já vai completar 7 meses que a gente assumiu e muitas coisas já foram realizadas. A gente entregou o PSF do Centro II, o Samu, que para a imprensa era uma obra inacabável. Entregamos o Hospital Veterinário com reforma de todo o Centro de Zoonoses, assinamos a ordem de serviço da UPA 24 horas, que eu passei lá hoje e já terminou a terraplanagem, já está toda cercada e as obras já vão iniciar, o projeto está chegando essa semana. A gente já vai entregar o PSF ampliado de Caiçarinha da Penha.

Esse centro de reabilitação, estou em busca, lutando por um centro de hemodiálise, vou questionar isso para o governo. Porque tem em Salgueiro e Arcoverde, mas Salgueiro já não tem mais nenhuma vaga. Eu tenho 41 pacientes fazendo tratamento 3 vezes por semana em Salgueiro e em Arcoverde e porque não trazer para aqui, que a gente tem uma população que necessita.

Aumentamos, por mais críticas que tenha ao PSF, aumentamos nesses 4 meses, 10 mil atendimentos médicos e mais de 20 mil atendimentos de enfermeiros, odontológico e do Nasf. A gente tá ali, vizinho aonde eu tinha o projeto de uma Upinha, vizinho ao CEO. Tem um centro de especialidades que a gente vai tornar lá, e já conta com atendimento de nutricionista, terapia ocupacional, fonoaudiólogo, psicologia, dois pediatras, dois clínicos gerais.

Então, os desafios são grandes, a demanda é muito maior do que a oferta, mas o que a gente puder servir, pode ter certeza que eu e minha equipe não temos preguiça, não temos má vontade. A gente está aqui para melhorar a saúde de Serra Talhada.