Há exatos 80 anos, em 07 de março de1934, o deputado federal Souto Filho sobe na tribuna da Câmara dos Deputados dizendo “sr. Presidente, pedi a palavra para comunicar à Assembléia que, ao entrar neste recinto, recebi um telegrama relatando o fechamento virtual d’O Estado, órgão que se edita no Recife (PE). Apresento o meu veemente protesto contra essa violência do governo de Pernambuco”.
O deputado federal Agamenon Magalhães, aliado do governador Carlos de Lima Cavalcanti, responde: “Vossa Excelência, que está falando em liberdade e em intolerância é o representante do regime de maior intolerância que se instituiu em Pernambuco”.
O deputado Souto Filho provoca: “O regime do qual Vossa Excelência fez parte, juntamente comigo, como deputado”. Agamenon Magalhães explica: “Sempre defendi as liberdades públicas”.
Então o deputado Souto Filho declara: “Apoiando o Governo do senhor Sérgio Loreto e outros”. O deputado serra-talhadense Agamenon Magalhães não se controla e diz: “Vossa Excelência é um retardatário, só hoje é que vem falar aqui em liberdades públicas”. E Souto Filho então para finalizar diz: “Retardatário é Vossa Excelência, que sempre foi um reacionário”.
Sertanejo rústico, Agamenon Magalhães parte em direção de Souto Filho, mas é impedido pelo general Cristóvão Barcelos, que se coloca entre eles. Agamenon tem uma crise de nervos e não consegue sequer articular as palavras, naquele momento. O episódio teve ampla repercussão nos jornais do Rio de Janeiro. Em Pernambuco, o Diário da Manhã, de Lima Cavalcanti, se solidarizou com o deputado Agamenon Magalhães, que meses depois foi nomeado Ministro do Trabalho, por Getúlio Vargas.
Por Luiz Ferraz Filho, do Blog de Serra Talhada
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