Por Adelmo José dos Santos, serratalhadense que migrou para a “paulicéia desvairada”

Eu voltei pra minha terra encontrei tudo mudado, nem sei mais aonde era o Açude do Ginásio. O campo de aviação agora está cheio de prédios, nos meus tempos de menino só havia uma casa, o xangô de Agomercindo. Foi triste o fim dos cinemas Cine Art e Cine Plaza, levando as minhas emoções que neles estavam guardadas. Lá na Rua da Favela onde tudo começou da bodega de Zé Grande só a saudade ficou: Gêra de Mané Lourenço, o poeta gozador.

A estação ferroviária acabou perdendo o trem, agora está sem destino não viaja mais ninguém. Hoje a missa da matriz não é como as de primeiro, falta Augusto Duarte, falta Maria Cordeiro. O futebol da cidade já não é mais como era, sem as defesas de Daguinha, as jogadas de Bría e Fernando da Favela. Não encontrei uma pessoa que há muito tempo espero, entrei na Casa Dos Pobres e não vi Rosa Pau-ferro.

Na banda do Cônego Torres senti falta de um rufado, era o toque de Maninho, Paulo Gomes e Erasmo. Por um instante escutei e fiquei contrariado, pois faltava no piston, Luís Fogo e seus dobrados. No Ginásio Industrial eu vi que o tempo passou, quando eu entrei no colégio e não escutei “Ei Siô!” Era o grito de Nogueira, meu querido professor.

Serra Talhada cresceu muitos bairros diferentes, só vejo a rodoviária como era antigamente. Estrutura ultrapassada não existe nada igual, deixando a rodoviária longe de ser cartão postal. Pelas ruas da cidade eu não encontro um amigo, eu só vejo cara estranha e gente desconhecido. Em busca das minhas origens e dos meus antepassados, eu me perdi no caminho como um ganso desgarrado. No meio da multidão eu me encontro sozinho, na terra onde eu nasci sou um estranho no ninho.