Penha-antigaPor Josenildo Mariano De Siqueira, professor de Serra Talhada

A nossa Serra de belas recordações nos faz lembrar de coisas simples, outras excêntricas e dúvidas que pairaram no ar. Uma coisa simples mais que vale lembrar: Diga-se que a concorrência tão acirrada na venda do picolé real, universal e ideal quem ganhou foi a população, eram de bom sabor e de produção artesanal.

Lembro-me da esquisitice de uma figura que passava os filmes na sala de projeção do Cine Plaza, o mesmo ficava de sapato com meia, porém só de cueca, o cara era folgado, chamava-se Givaldo (filho de Zé Roxinho) e quando alguém olhava muito para ele, o mesmo mal humorado retrucava: “ o que é que tu tá me espiando, olha pro filme que tu pagou pra ver, que eu tô vendo de graça”.

Em meados da década de 70 vieram as dúvidas nos promissores concursos de misses. Havia os que diziam: Matilde Terto não é tããão bonita, ela só ganhou no empurrão do “bi” (Fátima Morato em 75) querem é dar fama a Serra Talhada. E a seguir no outro ano em 1977 a prematura desclassificação (nem entre as 10) da nossa representante por nome de Marta nos fez acreditar em uma possível retaliação. Não seria conveniente uma cidade do interior desbancar a capital e se tornar a Venezuela pernambucana.

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Agora vamos para os gramados. É bem verdade que na década de 70, o desportista Egídio Carvalho com seus méritos destacou-se e contribuiu muito para com a profissionalização do nosso futebol. Mas esquecer do desportista Pescoço, comandante do América, o verdão do lixeirão, é desconhecer o brilho da arte do futebol amador. “ Eita pescoço duro de roer e ameriquinha ruim de perder.” Essas palavras eram proferidas pelo filósofo Zé Bone. Do lado profissional algo fantástico aconteceu com o nosso segundo Comercial.

O alvi-rubro passou 46 partidas invictas. Porém eram jogos amistosos. E hoje se questiona se realmente o timaço era bom mesmo ou tinha uma ajudinha de vez em quando, com uma faltazinha ali pertinho da área (uns três metros), que por via das dúvidas era melhor marcar. Dois toques seu juiz? Pergunta o time visitante. – Não, marquei pênalti. Como se sabe, amistoso, o juiz da redondeza… Depois veio o campeonato pernambucano, participamos (79/80/81/82), o time era regular, mas veio a gestão do quero mais, quero mais. Quis tudo menos futebol. Sem o apoio Municipal o Comercial foi extinto.

Em meados da década de 70 na nossa “Interlagos” (Praça Sérgio Magalhães) no serviço de som A Voz da Liberdade, a difusora anunciava no estalar de voz do Sr. Nizinho: “não percam amanhã as manobra da equipe de Eucrides da Cunha, vai ser uma beleza”. O dito se cumpriu, a equipe arrasou, Seu Oliveiro Burrego, o fotógrafo do povo, fez sua festa particular foi retrato a torto a direito, e assim Euclides foi mais um forasteiro a deixar sua marca em nossa terra. Apenas fica como lembrete que as peripécias que o Euclides fez não eram lá essa novidade para nós. Orlando, filho de Seu Chico Maneca (in memoriam), e Seu Zé de Domingos (in memoriam), foram para o tira teima e fizeram igual ou de menos, muito parecido.

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Em um outro momento o nosso  autódromo foi palco de uma corrida de kart e o ilustre vencedor foi  Seu Boneco, filho de Chico Anísio. Reforçando um texto publicado anteriormente: “mais um forasteiro que nos abrilhantou.” Lembro-me que no dia anterior, nos treinos, um acidente preocupou todos os ouvintes da Rádio A Voz do  Sertão, já que o mesmo envolveu o grande radialista Otávio Júnior (in memoriam), mas nada grave aconteceu. Assim também como não foi grave em uma certa noite uma manobra pra  lá de radical, um caminhão truck carregado de algodão dirigido por um membro da família Timóteo virou em plena praça, esquisito sim, pois seria comum em uma rodovia.

Nos anos iniciais da década de 70 na “Sociedade Recreativa dos Tempos Idos”(Clube dos Velhos), na Rua Cornélio Soares, algo me intrigava muito. Se Edésio era o dono do conjunto (Edésio e seus Red Caps) por que Rui Grúdi, o guitarrista e vocalista, mesmo em início de carreira, mandava tanto?

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Hoje, só nos restam as lembranças. Serra Talhada cresceu e as coisas mudaram. Os picolés já não são artesanais e sim  industrializados. Givaldo do Cine Plaza  mora no Bom Jesus, aposentado. – Ver filme, Givaldo? – ‘Só jornal, filme abusei’. Quanto as misses… é ter paciência, outras virão. (Em breve Cristo voltará /Enquanto há vida há esperança). No futebol, Egídio Carvalho ganhou uma homenagem (a quadra poliesportiva leva seu nome) e Pescoço só Milton Neves, perguntando: – Que fim levou? A resposta virá.  Hoje, na Sergio Magalhães, as manobras radicais são feitas por jovens amadores, muitas vezes embriagados. Mas que nunca vão nos convencer, pois Euclides era no volante um profissional.

Nos dias de hoje Seu Oliveiro Burrego já não tiraria nem um dízimo de seus inesquecíveis retratos, a não ser de descuidado que deixou seu celular em casa. As fotos (self) é do alcance de todos. (acho os self menos romântico, porém mais divertido). Já quanto a Rui Grúdi (quase in memoriam), é ainda um grande artista. O Clube dos Velhos não existe mais, Lamento. Se existisse o mesmo poderia frequentar como músico e sócio.

Agradeço a todos os homenageados aqui citados. Até a próxima.