Bom dia e santo domingo!

Hoje, fiquei por alguns instantes fazendo uma breve retrospectiva da minha semana de trabalho. Costumo fazer isso porque não gosto de repetir erros, apesar de estar sempre falhando como ser humano. Somos “máquinas” em constante manutenção. Mas o que mais me chamou a atenção na semana que passou foi o noticiário que produzimos em torno da insegurança em Serra Talhada. Assaltos, sequestros, furtos, drogas, violência contra a mulher. Enfim, uma Serra Talhada de porte médio vivendo os dramas de cidade grande.

Meu objetivo, mais uma vez, não é fazer qualquer análise sociológica sobre o tema. Longe disso. Minha proposta é trazer recordações dos tempos em que não se ouvia falar em nada disso. Quando criança, na rua do Cine Plaza, tenho lembranças que após às 20 horas as calçadas ficavam repletas de cadeiras e vizinhos costumavam trocar ideias e atualizar assuntos. As crianças corriam pelas  ruas semi-despidas nas mais variadas brincadeira: catuca, jogo de bola, rouba bandeira e por aí vai.

Já na praça Sérgio Magalhães, os bancos ficavam repletos de jovens que simplesmente jogavam conversa fora e curtiam os sucessos da difusora “Voz da Liberdade”. Pois bem. Cresci e minha adolescência foi na rua Bernadino Coelho onde os hábitos não eram diferentes, mesmo com o avanço dos anos. Além das cadeiras nas calçadas, eu costumava me deitar em plena madrugada pra namorar a lua cheia. Sempre tive fascínio pela lua. Ligava meu radinho de pilhas e de “papo pro ar” passava horas e horas na mais devota contemplação. Nunca fui importunado por nada e nem por ninguém.

Hoje, resido no bairro da AABB, considerado de elite- não sei quem criou este conceito- mas muitas vezes entro em completo estado de tristeza. Vivemos sob muros altos, cercas elétricas e câmeras, onde cada um construiu um pequeno castelo. Pequenos “feudos” onde ninguém se conhece e apesar das calçadas, poucos se atrevem a colocar as cadeiras para uma boa prosa.

No meu bairro, após às 20 horas, foi decretado uma espécie de “toque de recolher” coletivo. Ainda namoro a lua cheia, mas de forma diferente: Meu olhar tem que atravessar uma grade enorme que ajuda na proteção da minha família. Bons tempos da rua do Cine Plaza.