O presidente Michel Temer (PMDB) citou em discurso feito nesta segunda-feira (20) em São Paulo a valorização de três empresas estatais – a Petrobras, a Eletrobras e o Banco do Brasil – durante seu governo. A reportagem do UOL conferiu os dados e identificou exageros na fala do peemedebista.

Além de mencionar percentuais de valorização mais altos que os reais, Temer foi impreciso ao comentar a taxa de inflação registrada em janeiro. O discurso foi feito no lançamento do plano de modernização e desburocratização da agricultura.

Confira abaixo o que Temer disse sobre as estatais e a inflação e os fatos que a reportagem apurou.

– “Para ter ideia da saída da recessão nesses quatro, cinco, seis meses, entidades como a Petrobras, que estava praticamente no fundo do poço, hoje têm um valor de mercado 145% maior. Quem comprou ações da Petrobras lá atrás ganhou muito dinheiro”, afirmou Temer, acrescentando que o Banco do Brasil teve uma valorização de 98% e que o valor da Eletrobras cresceu 245%.

EXAGERADO: A pedido do UOL, a consultoria Economatica calculou o valor de mercado das três empresas atualmente e há quatro, cinco e seis meses. Em nenhum caso, as variações batem com aquelas citadas pelo peemebedista. O contraste mais gritante é o caso da Petrobras.

O valor de mercado de uma empresa é calculado multiplicando-se o preço de cada ação pela quantidade de ações em circulação.

No caso da Petrobras, o valor de mercado era de R$ 182,5 bilhões seis meses atrás, em 17 de agosto, subiu para R$ 184,6 bilhões em 17 de setembro e para R$ 231,7 bilhões em 17 de outubro. No entanto, caiu para R$ 211,9 bilhões em 17 de fevereiro, último fechamento antes do discurso de Temer.

Ou seja, o valor de mercado da empresa subiu 16,1% nos últimos seis meses e 14,8% nos últimos cinco meses, percentuais muito mais baixos que os 145% mencionados pelo peemedebista. Levando-se em conta os últimos quatro meses, o dado de Temer mostra-se errado. No período, a Petrobras sofreu uma desvalorização de 8,5%.

Em relação à Eletrobras, Temer também exagerou ao citar uma valorização de 245%. A valorização da empresa nos últimos quatro meses foi de apenas 1,6%. A alta foi 3% em cinco meses e de 9,3% em meio ano.

No caso do Banco do Brasil, o presidente falou em crescimento de 98%. O aumento do valor de mercado do banco é, na realidade, de 19,8% em quatro meses, de 50,1% em cinco meses e de 80,9% em seis meses.

Os percentuais citados por Temer são parecidos com os apresentados em propaganda referente aos primeiros 120 dias de governo depois da aprovação do impeachment no Senado. Divulgada no fim do ano, a propaganda continha distorções, como o UOL mostrou, inclusive no item sobre a valorização das empresas.

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