marcelo castroAs declarações do ministro da Saúde, Marcelo Castro (na foto), diante das epidemias transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, são um exemplo perfeito de tudo o que existe de disfuncional na política brasileira. Ele é incapaz de ocupar seu cargo – mas a presidente Dilma Rousseff não pode tirá-lo de lá. Enquanto isso, o país vive uma crise sem precedentes na saúde, causada pela epidemia de zika.

Para comprovar que Castro (PMDB) não tem capacidade para ocupar um cargo tão importante, num momento tão delicado quanto a disseminação da epidemia, basta uma seleção pequena de suas frases.

Sobre o risco de mulheres grávidas contraírem zika e desenvolverem fetos com cérebro atrofiado, Castro afirmou: “Sexo é para amadores, gravidez é para profissionais”. Eis como descreveu a trasmissão da doença: “As mulheres, normalmente, ficam de perna de fora e, quando usam calça, usam sandália”. Assim ele se manifestou sobre a falta de doses suficientes da vacina contra zika: “Vamos torcer para que as pessoas antes de entrar no período fértil peguem a zika”. Finalmente, ontem ele extraiu uma conclusão acaciana, na tentativa de se eximir da responsabilidade pela disseminação da epidemia: “Estamos perdendo feio a batalha para o mosquito”.

É fato. Estamos mesmo. E o maior responsável por enfrentar a situação é o próprio Castro. Ele age como se o sarcasmo ou a ironia tivessem algum efeito sobre o mais 1,6 milhão de infectados pela dengue, ou sobre as mais de 3.800 vítimas prováveis de microcefalia desde o início da epidemia de zika. Ou sobre os quase 50 mortos, também provavelmente em virtude dela, a maioria bebês.

Do G 1, por Hélio Gurovitz