Da ISTOÉ

Ai, ai… o Brasil que alimenta suas crianças em escolas públicas com sardinha e pão velho por causa da defasagem de doze anos nas verbas no PNAE (Programa Nacional de Alimentação escolar), de responsabilidade do Ministério da Educação, através do FNDE (Fundo Nacional Para o Desenvolvimento da Educação), é o mesmo que pagará, pelos próximos seis meses, 26 mil reais mensais ao pastor e ex-ministro preso, Milton Ribeiro.

Indicado pessoalmente pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro – aquela dos 90 mil reais do Queiroz – é suspeito de operar, supostamente, segundo suspeita da Polícia Federal, uma espécie de gabinete paralelo com outros dois pastores, íntimos de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, no Ministério da Educação, em troca de vantagens indevidas como bíblias com seu nome e retrato, e até barras de ouro, conforme depoimentos de prefeitos.

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O presidente da República e amigão do Queiroz acima (dos ‘micheques’) declarou que confia tanto no pastor, que colocaria ‘a cara no fogo’ por ele. Isso foi em maio, quando Ribeiro, pressionado por denúncias de corrupção, pediu exoneração – guarde isso, pois é importante e será lembrado adiante. Ontem, quinta-feira, 23, Bolsonaro mudou de ideia e agora diz que coloca apenas ‘a mão no fogo’ pelo ex-preso (ele já caiu fora do xilindró).

Bem, o patriarca do clã das rachadinhas pode colocar o que quiser no fogo pelo amigo do peito, a quem sua esposa garantiu: ‘Deus o absolveria’. Duro, porém, é colocar nossa grana. Especificamente 26 mil reais por mês, pelos próximos seis meses, a título de remuneração compensatória, o que nos custará exatos 156 mil reais. Sim, leitor amigo, leitora amiga, é isso mesmo. A despeito de tudo, ainda teremos de bancar o servo do Senhor. Explico.

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A Comissão de Ética Pública da Presidência – sim, eu sei, o nome parece piada pronta – decidiu no final do mês passado, haver ‘conflito de interesses após o exercício do cargo’, e resolveu indenizar o ex-servidor, que pediu exoneração sob suspeita de corrupção. É mole? O cara – supostamente – mete a mão na cumbuca, é flagrado, não aguenta a pressão, pede para sair, é preso mais adiante e ainda ganha um seguro desemprego de 150 pilas.

Na iniciativa privada, quem faz merda recebe um belo pé no traseiro e vai chorar na cama, que é lugar quente. Ao menos até a Justiça do Trabalho ser acionada e negar a realidade dos fatos, causando mais prejuízos ao ‘empregador cruel’. Já no setor público, fazer besteira rende mais benefícios, como este absurdo acima, ou mesmo aposentadoria compulsória com salário integral. Entendem por que só nos sobram as sardinhas?