Fotos: Farol de Notícias / Max Rodrigues

Publicado às 05h20 deste domingo (29)

Casas tomadas pelas águas, rastro de lama e sofrimento. O cenário que as enchentes do Rio Pajeú deixou nesta quinta-feira (26) é desolador para os moradores da Rua Treze de Maio,a popular ‘Rua da Lama’,  no Centro de Serra Talhada. Como se não bastasse a tragédia natural, os populares estão tomados pelo sentimento de abandono por parte dos poderes públicos de Serra Talhada.

Representantes da comunidade acionaram a reportagem do Farol de Notícias para contar sua versão dos fatos e cobrar da Prefeitura Municipal uma postura de apoio para as demais famílias que permaneceram em suas casas, mas que estão encontrando dificuldades para recomeçar a vida com móveis, roupas e mantimentos estragados. Há pessoas que sequer têm água encanada e energia elétrica.

“Está uma calamidade, a única coisa que podemos fazer é pedir a Deus. Eu só tenho R$ 89 do Bolsa Família para me sustentar. Mudei tem 5 meses para cá porque minha casa lá perto do Rodeio desabou, já é um amigo do meu filho que paga esse aluguel e estou sem saber o que fazer. Minhas roupas que estavam em gavetas encheram de água e lama. Só tenho uma geladeira e um fogão velho e só não ficaram pior porque coloquei em cima de uma banca. A casa toda está molhada e cheia de lama. Consegui ir pro abrigo, lá estão me tratando muito bem. Mas depois eu não sei como vai ser”, refletiu Janete Alves de Lopes, 58 anos, desempregada.

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Sandra Maria da Silva, de 46 anos, mora com mais cinco pessoas em sua residência e está sem poder ficar em casa ou se quer limpa-la. “Tem oito dias que não trabalho no ponto em que eu negocio. Minha casa está cheia de lama, minha água está cortada, minha energia também. Como eu vou poder ficar em casa assim? Não apareceu ninguém aqui para ajudar em nada. Para comer hoje eu fui pedir. Quero saber onde eu vou procurar ajuda? Com quem preciso falar?”, desabafou.

Entre as moradoras que conversamos, Ednalva Nunes Bezerra, de 30 anos, era uma das mais indignadas com a falta de assistência. Segundo ela, as águas começaram a subir com força total por volta das 5h da manhã e sua filha de apenas 8 anos precisou ser retirada nos braços, enquanto sua mãe idosa foi colocada em cima de uma parede para fugir da inundação.

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“Eu quero saber porque a Prefeitura não apareceu aqui. Quem disser que fez resgate dos moradores está mentindo, foram os vizinhos um ajudando o outro, tirando de dentro de casa. Vimos as feiras do povo boiando dentro mar de água. Ligamos para a polícia, para os Bombeiros e não apareceu ninguém. Só salvaram cinco famílias que moram bem dentro do rio, e os demais ficaram aqui no meio da água, da lama. Estamos pedindo socorro. Se não fossem os vizinhos se ajudando, dando café e almoço a uns aos outros estávamos em uma situação pior. Queria saber se ninguém da prefeitura se importa de passar de casa em casa e ver o que as pessoas estão precisando”, reclamou Ednalva.

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O OUTRO LADO

FAROL conversou, por telefone, com o vice-Prefeito de Serra Talhada, Márcio Oliveira, que faz parte do chamado ‘gabinete de crise’ montado para ajudar as famílias desalojadas pelas chuvas. Segundo ele, a prefeitura não se omitiu em socorrer os necessitados.

“Estivemos na Rua 13 de Maio e tentamos levas todas as pessoas que estavam sob risco para um outro local. Apenas duas famílias, cerca de 11 pessoas, aceitaram deixar suas casas. As demais famílias não quiseram o apoio que oferecemos”, relatou o vice-prefeito, afirmando que iria acionar a Secretaria de Desenvolvimento Social para ajudar os prejudicados.