Publicado às 05h42 deste sábado (16)

Por João Luckwu, Policial Rodoviário Aposentado, advogado, escritor e poeta serra-talhadense

É difícil entender o ser humano!!!! E o que mais me impressiona é quando alguém próximo a nós adoece e precisa de atendimento em uma  UTI. Neste caso, a comoção é geral, pois, independentemente de ideologia política, todos nós fazemos correntes de orações em prol de um amigo acometido pela doença. Paradoxalmente, os fanáticos, ao tempo em que rezam, negam a ciência fazendo campanha contra a vacinação sem um mínimo de conhecimento científico, pelo simples fato da politização da vacina. Segundo os especialistas, a vacinação em massa é o único caminho para a imunização.

Vivemos hoje uma segunda onda da pandemia com mais de 8.000.000 de contaminados e, devido à falta de transparência do Governo Federal, acredita-se que este número possa ser bem maior que o divulgado, face a uma possível subnotificação dos casos. O sistema público de saúde já se encontra em colapso em algumas localidades. Já são registrados quase 210.000 óbitos no país. Mesmo assim temos uma parcela significativa da população que, por estupidez ou fanatismo, nega o fato, muitos deles guiados ao som berrante que ecoa do “Palácio do Planalto”.

Hoje temos mais de cinquenta países que já iniciaram um processo de vacinação, porém, no Brasil  temos um “Ministério da Saúde” orientado pelo comandante que ainda faz pressão junto à rede pública de saúde para uso de cloroquina, ivermectina, dentre outros medicamentos que não têm nenhuma comprovação científica.

Torna-se esdrúxulo o levante dos fanáticos nas redes sociais fazendo campanha contra o uso da vacina produzida pelo renomado Instituto Butantã, criado desde o final do século XIX , com relevantes serviços prestados no campo da epidemiologia. Tudo por conta de uma disputa eleitoreira entre o governador de São Paulo, João Dória, e o presidente Bolsonaro. Diga-se de passagem, dois políticos nocivos para a nação. Mas uma coisa é inegável e devemos ressaltar: só temos uma expectativa de vacinação por conta da iniciativa do Dória.

Tenho absoluta certeza de que, se dependesse exclusivamente do Governo Federal, não teríamos nenhuma expectativa de vacinação, haja vista o próprio presidente declarar publicamente que não vai tomar a vacina, influenciando sobremaneira o seu “rebanho”. Certamente uma campanha de vacinação contra aftosa ou brucelose teria uma enorme aceitação.

Parafraseando o poeta Rogaciano Leite eu digo: Senhores/senhoras negacionistas, basta!!!

Se não querem ser vacinados, que mantenham seus posicionamentos, mas ir na contra mão do mundo com outra campanha desastrosa nas redes sociais, aí já é demais. Basta a que fizeram elegendo um ser  desprovido de todas as condições para comandar a nação. Na minha modesta opinião, um ser desprezível.

Infelizmente, faço minhas as palavras do escritor e filósofo italiano Umberto Eco, quando afirma que: “as redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.

Queremos a vacina e ponto final. Desde que certificada pela ANVISA, não importa qual a sua origem, se será produzida pelos  laboratórios A, B ou C. Vacina não é como cerveja que a gente pede ao dono do bar conforme nossa preferência. Não existe uma vacina igual a outra. Cada qual tem sua especificação, porém todas têm o mesmo objetivo, que é a imunização.

Especificamente falando da Coronavac, ou “vacina chinesa”, como é tratada, é comum a seguinte afirmação feita por negacionistas: “Se a vacina possui 50,38%, significa que a pessoa possui 49,62% de contrair a covid-19”. Ledo engano!  Na verdade, significa dizer que o risco de contaminação foi reduzido em 50,38%. Mas digamos que você contraia o vírus, terá 78% de chances de não apresentar nenhum sintoma. Caso venha a apresentar, serão sintomas leves e não precisará de atendimento hospitalar. Isso não é baseado em achismo,  possui comprovação científica.

Portanto, senhores/senhoras negacionistas, atentem para o dito popular: “Se um cavalo passar perto de você, suba porque pode ser que ele passe apenas uma vez”. Negar a ciência é negar o direito à vida.