Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 06 deste domingo, 17

Na última sexta-feira, 15 de janeiro, foi comemorado o Dia Mundial do Compositor, por isso, em homenagem aos grandes artistas da terra, a reportagem do Farol de Notícias visitou o grande cantor, compositor e poeta Rui Grúdi, 65 anos, personagem histórico de Serra Talhada, para dá voz a categoria. Para Rui Grúdi, a composição, especialmente a música, está “voando por aí” e é infinita como a inspiração. ”Compor, realmente é inspiração. Cada poeta tem seu estilo, se coloca na frente de uma coisa e compõe”, diz.

Rui nos recebeu em sua casa para ensinar que o cantador de viola, que improvisa na hora, é – para ele – o verdadeiro compositor. De outro modo, na visão de Rui Grúdi, para compor discos, o artista cria e depois faz os arranjos. Ele só canta de improviso quando toca viola, por isso em gravações a composição deve ser mais sutil. Rui Grúdi descreveu o ato de compor como relativo, não se pode determinar tempo entre uma composição e outra, uma vez que depende da inspiração e ainda mencionou que o estado de espírito do artista influência nas criações.

”As vezes você pega um roteiro de uma música e passa 6 meses com ele sem fazer nada, como eu aqui pelejando para gravar e sem sair. Aí você vai passando, do nada ver um passarinho e pensa: o negócio era aqui, rapaz. É muito relativo. Concordo quando dizem que a composição depende do estado de espírito do artista. Se você colocar 5 artistas para fazer 5 músicas em estados diferentes, vai sair 5 coisas diferentes. Não vai sair nenhuma música parecida com a outra.”

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NÃO DESISTA

O compositor homenageou e parabenizou os amigos de profissão e ainda lembrou sobre as dificuldades que os músicos e compositores enfrentam por falta de incentivo do governo brasileiro, porém mesmo diante das barreiras, Rui Grúdi aconselha a não desistirem e tentarem sobreviver.

”É bom a gente homenagear os compositores da terra porque a gente tem uma variedade imensa de compositores, temos uns 50 bons. A gente não tem mais coisas gravadas porque não tem incentivo, a sociedade no Brasil não incentiva nada. Tem um compositor chamado Tico de Som, é um dos maiores que nós temos. Mas não tem ajuda aí fica difícil. É tentar sobreviver porque aquilo que a gente aspira tarda, mas chega. Eu quero parabenizar Tico de Som, Assisão, Gilberto, Palêca Barbosa e muitos outros.”

TRAJETÓRIA ARTÍSTICA

Serra Talhada o recebeu, ainda menino, época que muito aprontava nas margens do Rio Pajeú, onde passou parte da sua infância. Ninguém imaginava que a Capital do Xaxado tinha passado a ser berço de um ícone que tanto orgulha a terra natal da sua mãe e a todos que apreciam a boa música que valoriza as raízes culturais do sertão.

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Ainda garotinho, aos 7 anos, Rui começou despertar para a música e aos 9 começou fazer suas primeiras apresentação em rádios, como na Emissora Rural, em Petrolina. A partir de então, o talento foi aflorando e conquistando o coração dos sertanejos. Com o tempo e muito amor pela música, aos 16 anos, o sonhador passou a integrar o conjunto musical Edésio e seus Red Caps, como guitarrista [foto abaixo]. Durante sua trajetória artística, também começou tocar violão, baixo, flauta doce e instrumentos de teclados tornando-se, assim um multi-instrumentista.

Hoje o estilo musical de Rui Grúdi é marcado pela diversificação de ritmos como: forró, xaxado, baião e o repente, ritmos estes e composições que representam e valorizam a cultura da nossa terra e a cultura Nordestina que é um dos principais temas da suas criações. Sua carreira como compositor se iniciou na década de 70 e atualmente conta com cerca de 300 composições, muitas ainda para serem gravadas.

GRAVAÇÕES

Rui gravou 3 discos de vinil, e 4 CDs: “O Canibal”, “O Estrambológico”, “Deixe 8ito para mim” e “Brinquedos do passado”, gravado em março de 2020, porém ainda não lançado devido a pandemia. Dentre o seu vasto leque de composições de sucesso, as que mais marcaram a carreira artística e a vida de Rui Grúdi foram “Arrocha o nó” e ”Deixe outro para mim”. Caíram no gosto dos fãs e foram uma explosão de sucesso. Foram vendidas mais 3 mil cópias, apenas em Recife, quando o disco foi lançado em 1988.

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Atualmente, aos 65 anos de idade, Rui Grúdi continua compondo e gravando para ampliar ainda mais o legado que criou em Serra Talhada, terra que escolheu para ser berço e para ser palcos dos seus grandes sucessos, orgulhando-se por ser serra-talhadense de coração e sendo motivo de orgulho para nossa terra.

CURIOSIDADE

Dia 15 de janeiro é o Dia Mundial do Compositor, porém, como o Brasil é berço de grandes compositores, como Heitor Villa-Lobos, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e muitos outros, o cantor e compositor Herivelto Martins criou o Dia do Compositor Brasileiro, em 1948, celebrado anualmente em 7 de outubro.