Fotos: Farol de Notícias / Max Rodrigues

Publicado às 5h10 desta segunda (3)

Em agosto de 2006 todos os olhares pernambucanos se voltaram para a inauguração da Unidade Acadêmica de Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE-Uast), que chegou por essas terras através da política de interiorização do Ensino Superior. Um ganho educacional para o estado, que hoje funciona para a capital do xaxado como um dos principais mecanismos de desenvolvimento econômico da região.

Completando 13 anos, a unidade acadêmica se orgulha de manter uma estrutura composta por cerca de 3 mil estudantes, professores, técnicos-administrativos e terceirizados, que por mais de uma década abriu portas para que jovens sertanejos pudessem ter acesso a uma graduação e que diversos projetos de pesquisa, ensino e extensão chegassem a comunidade serra-talhadense. A produção científica passou a fazer parte do cotidiano do agricultor familiar, das crianças e adolescentes, dos comerciantes e da dona de casa.

Buscando mostrar um pouco da contribuição da universidade para Serra Talhada e região, o Farol de Notícias visitou a unidade e conversou com diversos professores e alunos, alguns recém chegados e outros que estão desde os primeiros anos que criação do campus universitário. As conversas deu origem a série de reportagem Caminhos da Educação, para contar ao longo do mês de junho um pouco da produção acadêmico-científica que está sendo desenvolvida na cidade.

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Ensino, Pesquisa e Extensão são os três pilares que constroem as bases de toda universidade. Nos primeiros anos da UFRPE em Serra Talhada os trabalhos de extensão, que visam ultrapassar as barreiras entre a sociedade e acesso a academia, foi de suma importância para atrair estudantes para os cursos recém abertos e observar questões que embasariam no futuro as pesquisas que até hoje são desenvolvidas por docentes e discentes.

“A Extensão Universitária faz parte de um conjunto de atividades socioeducativas, culturais, científicas e tecnológicas que, articulada com o Ensino e a Pesquisa, promove uma relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade. É por meio da extensão que a academia democratiza o conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento da consciência social e política, formando profissionais-cidadãos e atendendo às questões prioritárias do contexto social em que a Universidade está inserida”, explicou o professor Kleyton Ricardo Pereira, presidente da comissão de extensão da UFRPE-Uast.

DIVULGANDO A UAST

A professora Andreia Monteiro Santana, 40 anos, está na Uast desde 2008 como professora do curso de Licenciatura em Química e acompanhou muitos dos trabalhos de divulgação dos primeiros vestibulares nas escolas de Serra Talhada e região, além de realizar pesquisas com a qualidade da água de alguns açudes locais, como Jazigo e Saco.

“Nós começamos a fazer um trabalho pioneiro de mostrar o que era a universidade pública. Quais os cursos que tinham na Uast e o que os alunos poderiam fazer nesses cursos. Tinham dias que a gente caminhava 600 km entrando em todas as escolas públicas, colocamos carro de som, fizemos a Feira das Profissões e muitas ações para trazer os alunos para fazer vestibular. Com relação aos projetos, em 2010 tivemos o Pibid, que foi uma grande oportunidade de fazer com que nossos alunos sejam os mediadores na sala de aula das escolas da cidade. Eu também trabalhei muito com análise de água e chamava o diretor da Compesa para assistir, por exemplo uma pesquisa da análise da água dos bebedouros da escola, análise da água do Açude Jazigo e do Saco. Temos também o Grupo de Instrumentação e Análises Químicas (GIAQ) que com a contribuição do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologias Avançadas e conseguimos equipamentos hoje para o nosso laboratório que dá mais de R$ 400 mil a R$ 500 mil”, resumiu a docente.

O engenheiro agrônomo Allan César Bezerra, de 29 anos, é um dos filhos da UFRPE, com graduação e mestrado na Sede, em Recife, em 2015 deixou Jaboatão dos Guararapes para vir trabalhar no Sertão. Na extensão, o professor-pesquisador em Geoprocessamento tem levado atividades também para outros municípios do Pajeú.

“Em 2016 tivemos um trabalho com a comunidade do IPA, fazendo um trabalho de reciclagem dos óleos de fritura para fazer sabão. Em paralelo tinhamos os projetos Ciranda, que enquanto as mulheres da comunidade se capacitavam para produzir sabão, fazíamos algumas atividades com as crianças. Em 2017, tivemos um projeto de extensão em Santa Cruz da Baixa Verde, com a comunidade Caldeirão dos Barros, pensando o Meio Ambiente e a conservação do solo, para evitar a erosão e perca de nutrientes com a prática de plantio morro abaixo. Desenvolvemos alguns instrumentos e ano passado trabalhamos com o Cadastro Ambiental Rural e fizemos o cadastro de algumas propriedades de Serra e cidades da região. Já esse ano a gente está com um projeto mais voltado para alunos de ensino médio, estamos com uma parceria com uma escola de Calumbi, eu sou da área de Geoprocessamento e vamos levar algumas tecnologias para observar as mudanças de paisagem”, explicou o professor.

Katya Maria Oliveira de Sousa,e diretora geral da UFRPE-Uast e sua eventual substituta Cintia Beatriz de Oliveira