Do G1 Rio de Janeiro

 

O que deveria ser o dia mais feliz da vida de Rosania Vargas, de 33 anos, e Felipe Demarco, de 34, virou um pesadelo. Isso porque, desde o dia 12 de outubro, quando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) proibiu o pouso em Fernando de Noronha de aviões com motores a reação, os chamados turbojatos, o casamento deles ficou incerto.

A restrição foi determinada devido às condições da pista de Noronha, bastante deteriorada, e que deveria passar por obras.

O casamento está marcado para o dia 29. Os noivos e grande parte dos mais de 40 convidados para a cerimônia têm passagens da Gol Linhas Aéreas, uma das companhias aéreas que operam em Fernando de Noronha, e cujas aeronaves são turbojatos.

“Eu estou desesperada. Estou desde o dia 12 falando com a Gol. Na segunda-feira (17), uma pessoa entrou em contato comigo e disse que ia tentar nos acomodar na Azul – que é a outra companhia aérea que opera lá e que está permitida de pousar na ilha. Na quinta-feira (20), ligaram de novo dizendo que achavam que iam conseguir, mas, na sexta-feira (21) disseram que não tinham o que fazer, que tentaram de tudo e não conseguiram”, contou Rosania ao g1.

A noiva disse ainda que passou parte da sexta-feira ao telefone falando com os convidados e fornecedores do casamento.

“Parte dos fornecedores foi muito solidária e compreensiva. Disseram que é só marcar outra data que fazem nosso casamento. Mas tem coisa que não tem como remarcar. Tenho lembrancinhas de casamento com a data do dia 29 de outubro de 2022, que não vou poder usar. A maquiadora que ia atender a mim e às minhas madrinhas está desesperada, porque tinha recebido parte do dinheiro e estava contando com o restante para compromissos dela”, diz.

Lembrancinha de casamento que lembra a paisagem de Noronha com a data do casamento; caixas deveriam ter sido enviadas para ilha — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Lembrancinha de casamento que lembra a paisagem de Noronha com a data do casamento; caixas deveriam ter sido enviadas para ilha — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Lua de mel sem casamento

 

Outra coisa que não vai poder ser adiada é a lua de mel do casal em Jijoca de Jericoacora (CE). Com passagens compradas e hotel reservado, eles não conseguiram cancelar a viagem que serviria para celebrar a união e terão que viajar sem casamento e em clima de desânimo.

Rosania disse que oscila entre o desespero e a tristeza de ver o sonho de casar em Fernando de Noronha destruído.

“Não tenho mais esperança. Queria estar pensando nos preparativos, ansiosa para esse dia chegar, mas estou triste, desmarcando fornecedor, pensando em gente que pegou empréstimo para poder viajar com a gente”, conta.

Rosania e algumas das mensagens trocadas com a Gol — Foto: Reprodução

Rosania e algumas das mensagens trocadas com a Gol — Foto: Reprodução

 

Ela, que é analista administrativo, conta que até pensou em desistir de casar em Noronha e tentar celebrar sua união em outro lugar, mas teria que desistir dos fornecedores da ilha e ter um prejuízo de mais de R$ 80 mil.

“Eu e o Felipe sonhamos muito com esse casamento, trabalhamos muito para ele. Fizemos trabalhos extras para conseguir o dinheiro que precisávamos. Não tem como deixar tudo para trás. Só que agora não vai ter o mesmo brilho”, diz.

 

Rosania e Felipe: sonho de casar em Noronha virou drama — Foto: Arquivo pessoal

Rosania e Felipe: sonho de casar em Noronha virou drama — Foto: Arquivo pessoal

Sonho de casar em Noronha

 

Ela conta que quando decidiu se casar com o publicitário Felipe Demarco queria uma coisa diferente, uma experiência.

“Começamos a procurar lugares e nos apaixonamos por Fernando de Noronha. No início, iríamos só nós dois. Mas à medida que a gente ia contando, a família e os amigos foram comprado a ideia e disse que iria também. E agora nada”, diz.

Rosania conta ainda que apenas três de seus convidados compraram passagem pela Azul, que está autorizada a pousar na ilha. “Nem sei se eles vão para não perder a passagem, mas vão sem casamento”, lamenta.

O g1 procurou a Gol Linhas Aéreas, que enviou nota dizendo que está tentando realocar todos os passageiros desde a decisão da Anac e, os que não forem possíveis, poderão remarcar suas passagens.

“Por decisão da ANAC, desde 12/10/22, aeronaves a jato estão proibidas de operar no aeroporto de Fernando de Noronha (FEN), por tempo indeterminado, em razão da necessidade de manutenção da infraestrutura aeroportuária. A decisão impactou as operações da GOL, que operava dois voos diários entre Recife (REC) e a ilha e que no momento tem seus voos suspensos.

A GOL priorizou a comunicação com todos os clientes envolvidos desde o anúncio da ANAC no dia 06/10.cA companhia informa que na quarta-feira (19/10) fez uma operação extra em parceria com a VOEPASS para atender parte dos clientes com bilhetes para o trecho Noronha – Recife que ainda permaneciam na ilha. Além disso, a GOL está oferecendo todas as facilidades para os passageiros, conforme as necessidades de cada caso e dentro das possibilidades de reacomodação em companhia congênere.

A GOL reforça aos clientes e moradores da ilha, com passagens emitidas com destino ou partida de Fernando de Noronha desde (12/10) e que compraram bilhetes diretamente com a GOL, que podem remarcar suas viagens, pedir crédito ou reembolso diretamente neste link ou ligar para a Central de Atendimento no 0300-115 2121.”