Fotos: Farol de Notícias / Arquivo – Max Rodrigues / Celso Garcia

Já imaginou um mundo onde suas correspondências, documentos e faturas não chegam por e-mail? Há cerca de 20 anos a internet não era tão popular e tudo que precisávamos enviar por longas distâncias era via Correios. Esta semana, a Empresa Brasileira de Correios (EBCT) comemorou 355 anos de serviços no país, juntamente com o Dia do Carteiro.

Em Serra Talhada atualmente trabalham nove carteiros pedestres e dois carteiros especiais, estes que entregam encomendas nos veículos. O carteiro mais antigo em Serra Talhada é o senhor Juarez, que conta com cerca de 30 anos na profissão e hoje atua remotamente, devido a pandemia do Covid-19. O mais jovem na agência local já tem 15 anos de entrega de correspondências.

CORREIOS DE ST

A reportagem do Farol de Notícias foi até os a Agência dos Correios e conheceu um representante da categoria. O serra-talhadense Ailton de Vasconcelos Reis Filho, 44 anos, morador do bairro Ipsep atuou como carteiro nas ruas por 18 anos e há três está como supervisor na agência local.

“Eu tenho 21 anos de empresa, fiz o concurso público em 1996 e em 1999 fui chamado. Só tinha vaga na época no Recife, tive que ir para lá e trabalhei três meses e depois fui transferido para Araripina. Passei um ano lá para depois chegar em Serra Talhada, no ano de 2000. O período mais difícil foi em Recife, eu não era acostumado com aquele mundo, a quantidade de cartas lá é extremamente acima do normal e muitos locais são de difícil acesso. Quando eu vim para o interior ficou mais fácil”, relembrou o carteiro, acrescentando uma de suas memórias marcantes:

“Eu fui entregar uma certa vez, no Ipsep, um telegrama. A mulher não sabia ler e pediu para que eu lesse. Não lembro o ano que ocorreu, ela questionou que provavelmente a irmã dela tinha falecido e aquele era o aviso. Sei que eu tremi na base e falei para ela que poderia ser um aviso que ele teve alta do hospital. E ela se tranquilizou, abri o telegrama e foi bom porque de fato a irmã disse que a outra tinha tido alta e ela não se preocupasse”.

Ailton de Vasconcelos também relembrou muitos momentos marcantes com as campanhas de Natal e as cartinhas do Papai Noel (veja imagens abaixo). Segundo ele, presenciou muitas vezes outras crianças de comunidades carentes querendo os brinquedos selecionados e predestinados aos endereços. “Era de cortar o coração”, resumiu.

VOCÊ CONHECE SEU CARTEIRO?

Em Serra Talhada há pouco mais de 80 mil habitantes e apenas 11 carteiros para atender toda essa população. Para Ailton, a valorização profissional parte da premissa que os moradores das ruas e bairros da cidade desconhecem os profissionais que separam e entregam as correspondências em suas casas.

“Cada carteiro ao chegar para trabalhar atua 5 horas na rua entregando a correspondência e mais três horas internamente recebendo, separando e selecionando todas as encomendas que chegam aqui misturadas. Cada um desses profissionais tem que conhecer sua área de atuação, ruas, números, bairros e no fim conhece até os destinatários. Mas a população não conhece o carteiro de sua rua, mesmo que todos trabalhem há mais de 10 anos nessa área. Acho que o que falta na valorização profissional é isso, que o povo reconheça a importância de um carteiro”, concluiu o supervisor.