Fotos: Manu Silva / Farol de Notícias
Publicado às 05h32 deste sábado (1)
Nesse ciclo junino muitas figuras inusitadas ilustraram as ruas de Serra Talhada, sobretudo no coração do centro comercial, ali nos arredores da feira, subindo pela estreita Afrânio Godoy.
Barracas de frutas, verduras, misturadas com armarinhos Tem de Tudo, lojinhas miudinhas cheias de vasilhas de plástico, a famosa ‘tapué’.
Numa certa feita, um tal de ‘Cachorro Louco’ mototaxista disfarçado de vendedor gritava aos clientes enquanto descascava uma grande pilha de milhos.
As espigas graúdas amontoadas e ao redor as palhas forrando o chão. Em alto e bom som, os vendedores amigos do proprietário do ouro do Sertão faziam as chamadas de marketing de luxo do milharal.
“Milho da melhor qualidade, aguado com água mineral e adubado com água de coco”, garantiu o negociante José Bezerra, 43 anos. Mesmo quem estava de passagem parava alguns segundos para admirar a algazarra montada para festejar São João.
No fim, o grupo de cabras acabavam convencendo os clientes espalhando ao sabor do vento o cheiro de pamonha e canjica.
O lucro da venda do ouro em grãos alimenta até próxima colheita do indígena do povo Kapinawá, de Buíque. O indígena comerciante comentou que é casado, mas sorriu ao perguntar se tinha filhos e só falou entre os dentes: ‘índio tem um bocado’. Há cinco anos prefere passar a feira junina em Serra Talhada, a fartura chega na mesa, cidade boa de negócio.
“A gente volta para casa sem nada no final, quando acaba o dia não fica nada aqui. A espiga é real, não é só propaganda é a verdade. É tradição já, nossa tradição, nós produz lá e vende 20 a 25 milheiros no São João. Dá em torno de R$ 15 mil. Isso é praticamente o que eu vivo, não tem férias para poder produzir mais”, comentou José entre uma bolsa de milho e outra.