Do Revista Forum

 

Um novo vírus foi identificado como sendo o responsável pelo surto, no sul da Índia, de uma doença batizada como “gripe do tomate”. A confirmação da existência deste novo micro-organismo foi feita por meio de uma publicação na prestigiada revista científica britânica “The Lancet”.

Entre os meses de maio e junho, pelo menos 82 crianças entre 1 e 9 anos, nos estados indianos de Kerala e Tamil Nadu, além de uns poucos registros em Odisha, apresentaram uma incomum manifestação cutânea caracterizada inicialmente por vermelhidão em várias partes do corpo, que evolue para a formação de muitas bolhas dolorosas, algumas do tamanho de um tomate (daí o nome dado informalmente à moléstia). Para os especialistas, os sinais se assemelham muito aos da varíola.

Os primeiros dados sobre a doença apontam que um adulto em condições de imunodepressão pode também apresentar os sintomas da contaminação pelo novo vírus, mas que isso seria extremamente raro e improvável. As autoridades sanitárias de Kerala e Tamil Nadu vêm impondo medidas rígidas entre os pacientes acometidos pelas erupções cutâneas provocadas pelo vírus, numa tentativa de que as infecções não se alastrem para mais pontos do território indiano.

Antes das manchas pelo corpo, os cientistas e médicos relataram sintomas parecidos com o da Covid-19, como febre, mal-estar, dores generalizadas e problemas respiratórios, embora menos severos do que aqueles registrados nos pacientes no início da pandemia. Análises laboratoriais descartaram ligação entre o Sars-Cov-2 e o patógeno responsável pela “gripe do tomate”.

Duas hipóteses, em linhas gerais, vêm sendo investigadas pela ciência neste momento. A primeira é a possibilidade de o vírus ser uma mutação do causador da doença “mão-pé-boca”, comum em crianças dessa faixa de idade e que mantém algumas semelhanças de sintomas com a “gripe do tomate”.

Já a segunda, dizem os pesquisadores, é que os sintomas apresentados na pele possam estar relacionados a uma espécie de novo estágio final de doenças como a dengue e a chikungunya, muito comuns naquela região do planeta e também causadas por vírus, que são transmitidos a partir da picada de mosquitos.

No Brasil e em outras nações das Américas, a “gripe do tomate” ainda não foi relatada. Para tratar os sintomas, segundo os médicos, a indicação é a de isolamento, pelo menos enquanto existirem as bolhas na pele e as feridas provocadas por ela, repouso e hidratação, além do eventual uso de paracetamol nos casos em que uma dor forte e persistente se apresentar.