A chapa da presidente cassada Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer recebeu dinheiro de caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2014, segundo delação da empreiteira à força-tarefa da Lava Jato, diz reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” desta segunda-feira (19).

Em pelo menos um depoimento, segundo o jornal, a Odebrecht descreve uma doação ilegal de cerca de R$ 30 milhões paga no Brasil para a coligação “Com a Força do Povo”, que reelegeu Dilma e Temer em outubro de 2014.

Os relatos, diz a reportagem, foram feitos na semana passada durante os depoimentos de executivos ao Ministério Público Federal e já foram documentados por escrito e gravados em vídeo.

O relato deve ter repercussão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que apura abuso de poder político e econômico na campanha.

Histórico de problemas

No começo de dezembro, o Ministério Público Eleitoral (MPE) encontrou “fortes traços de fraude e desvio de recursos” ao analisar as informações colhidas com a quebra do sigilo bancário das gráficas Red Seg Gráfica, Focal e Gráfica VTPB, contratadas pela chapa de Dilma e Temer em 2014.

O TSE apura se houve abuso de poder político e econômico na chapa no âmbito de um processo que pode levar à cassação do peemedebista e à realização de eleições indiretas em 2017 –se a cassação ocorre na primeira metade do mandato, a eleição é direta.

A Corte Eleitoral montou uma força-tarefa com representantes da Polícia Federal, da Receita Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras para analisar as movimentações financeiras obtidas com a quebra do sigilo bancário e concluiu que havia problemas na emissão de notas fiscais e na subcontratação de outras empresas para o fornecimento de bens e serviços à chapa.

A ação contra a chapa Dilma-Temer foi proposta logo após as eleições de 2014 pelo PSDB com o argumento de que teria havido abuso de poder econômico. À época, já havia acusação de uso de recursos desviados da Petrobrás, alvo de investigação da Operação Lava Jato. A defesa da ex-presidente nega irregularidades. A defesa do presidente argumenta que as contas de campanha de Dilma e Temer eram independentes. (Com Estadão Conteúdo)

Do Portal Uol