No dia 30 de agosto de 1993 morria, há exatos 19 anos, o jovem Ricardo Rocha, líder de umas das maiores bandas de rock que existiu no Sertão, a D’Gritos. A tragédia que ocorreu naquela noite não só nos privou do convívio de Ricardo, mas também impediu que duas gerações de serra-talhadenses conhecessem o seu talento musical. Naquela fatídica noite, a música e a cultura local foram apunhaladas, pois com a morte do músico chegou ao fim a banda D.Gritos, um dos maiores legados artísticos já produzidos em nossa cidade. Nesta quinta-feira (30), a cidade lembra que perdeu um grande artista.
Ricardo deixou esposa, Célia Rocha, e dois filhos, Jéssica Rocha e Julian Richard. Se estivesse vivo hoje, 30 de agosto, seria avô de uma lida menina de dois anos, Ana Laura. Com intuito de resgatar parte da história de Ricardo e mais precisamente da banda D.Gritos, estou realizando uma pesquisa que se encontra em fase final para que seja transformado em livro. Nesse processo já foram ouvidos vários ex-integrantes da banda como Jorge Stanley, Gisleno Sá, Noroba, Derivan Calado e Eltinho Mourato. Já deixaram depoimentos Nildo Gomes, Álvaro Severo e Petrônio Lorena.
Todos eles acompanharam de perto as diversas etapas da banda. Outra coisa importante dessa pesquisa será a divulgação de músicas inéditas (de Camilo e de Ricardo), além de fotos e recortes de jornais com notícias sobre o grupo, tudo esse material foi cedido gentilmente por Célia Rocha e Camilo Melo. Aproveitando a data, compartilho alguns desses itens raros com os amigos faroleiros e faroleiras.
GRITOS (Camilo e Ricardo) Música inédita da dupla de compositores feita 1986
Já cansei
De te procurar
Em todo lugar
Já tentei te achar
Acho até que estou ficando louco
Eu digo isso por que não consigo mais parar de Gritar
Gritos roucos
Gritos loucos
Gritos por você e você não quer me ouvir
Será que tudo isso não passa de ilusão
O que é que ta acontecendo com meu pobre coração
Acho ate que estou morrendo aos poucos
Eu digo isso por que não consigo te encontrar
Gritos roucos
Gritos loucos
Gritos por você e você não quer me ouvir.
CHAMADO MEU BEM (Ricardo Rocha) provavelmente a última feita por Ricardo, dezessete dias antes da sua morte.
Agora vem me chamandomeu bem
Agora vem me chamando de amor
Agora vem me chamando meu amor
Agora vem me chamando de amor
Eu tanto quis você aqui do meu lado
Eu estava apaixonado, eu só queria você
Eu tanto fiz por nos te amaria a vida
Inteira mais você foi traiçoeira me trocou
E agora vem me chamando de amor
Todo que você me fez
não vai ficar assim
Eu vou arrumar um novo amor
E amar ate o fim.
Discurso feito por Ricardo em shows no meio da música Escravos de Ninguém.
“Não precisamos dessa justiça se eu só vejo injustiça
Se nós todos temos condições de fazer a nossa própria justiça
Não precisamos desse governo que não sabe nos governar
Se nos todos temos condições de fazer o nosso próprio governo
Porque ninguém! Ninguém! Nasceu para ser escravo de ninguém!
Nem muito menos seria assim um idiota
Pra carregar um presidente nas costas
E você pedir e ele prometer e você ficar até o fim da vida
E nada conseguir
Eu não serei escravo de ninguém! Eu não!
Oh Deus! Deus! Eu pensei que esse mundo era só Seu
Que só Você o destruía
Mas hoje homem destrói tudo que Você fez com tanto amor
Eu choro por essa burrice
Essa ignorância
Por tanto preconceito racial
Eu não serei escravo de ninguém!
E quem quiser que venha comigo…”
P.S.: As empresas públicas e privadas que desejem patrocinar o livro podem entrar em contato pelo telefone (87)9938-0839 ou pelo e-mail [email protected]
12 comentários em OPINIÃO: 19 anos sem Ricardo Rocha e sem a banda D’Gritos, por Paulo César