Após mais de duas décadas Serra Talhada volta a ter uma campanha com apenas dois candidatos na disputa pelo posto de prefeito. Diante dessa polarização, o erro se tornou um ponto chave, tanto para derrota como para se chegar à vitória. Talvez o medo do errar possa explicar uma campanha de tão baixo nível político.

A maior falta de criatividade está nos “jingles”. As famosas músicas de campanha até agora não têm uma que mereça no máximo a nota seis, as que existem por aí vem servindo apenas para animar torcidas organizadas, sendo que a maioria é de um mau gosto e acabam incomodando a maioria dos eleitores. O interessante é que uma das músicas mais tocadas do candidato Luciano Duque (PT) diz: “lá vem, lá vem de novo os cabeças vermelhas…”, até onde se sabe essa expressão, os cabeça vermelha, foi usada nas campanhas de Augusto César (PTB) e Geni Pereira (PSB), ambos encontram-se ao lado de Inocêncio Oliveira (PR), sendo assim, tornaram-se “azulões”, mas isso não justifica o fato de se recorrer a temas tão explorados e atrasados.

A grande novidade da campanha até agora são totens (os bonecos) do candidato Sebastião Oliveira (PR). Mas essa jogada acabou causando um certo efeito contrário, pois o candidato foi tachado de forasteiro pelos concorrentes e também pelo fato de que, recentemente, esteve ausente da cidade em função das atividades parlamentar. Esses vácuos podem criar a impressão de que os bonecos foram colocados para suprir a sua ausência. Além disso, os “manequins” foram confeccionados sem o nome e o número do candidato, informação importante para os eleitores desinformados. E se alguém confunde Sebastião com um garoto propaganda de alguma loja!?

“Esses vácuos podem criar a impressão de que os bonecos foram colocados para suprir a sua ausência. Além disso, os “manequins” foram confeccionados sem o nome e o número do candidato”

Um fato extremante negativo e reprovável foi o uso de chocalho no pescoço por alguns militantes da campanha republicana. Tudo bem que na política devemos explorar a sátira aos adversários, mas, de forma alguma devemos expor os militantes ao ridículo. Quem usa chocalho no pescoço é animal! Existem centenas de formas mais criativas de se atingir o adversário.

Entre as contradições tem uma que é bastante curiosa. Em todos os seus pronunciamentos o candidato Sebastião Oliveira sempre inicia com a saudação “companheiros e companheiras”. Para quem não sabe, essa é uma saudação de companheiros de lutas do movimento operário e campesino usados como forma de nivelar os dirigentes e os militantes, tanto em sindicatos, como em partidos políticos de esquerda. A expressão tornou-se popular na voz rouca do ex-presidente Lula, que é de origem sindical e dirigente – fundador do maior partido de esquerda da América Latina, o PT.

O estranho é que no currículo de Sebastião não constam passagens por sindicatos, movimentos de trabalhadores rurais ou partidos de esquerda. Na verdade, quem deveria usar essa saudação era o candidato petista, seria uma boa forma de identificá-lo junto ao eleitorado lulista. Mas, infelizmente, a sua equipe de campanha não se apercebeu desse pequeno detalhe. Equipe essa que deveria de imediato definir se o candidato vai ou não participar de debates, pois, o imbróglio seria resolvido de uma vez, o que pouparia a militância de um desgaste a cada final de semana.

A esperança está na chegada do guia eleitoral, o que fará com que o nível da campanha se eleve, coisa que a população serra-talhadense merece. Afinal de contas está em disputa a prefeitura de uma das mais importantes cidades do interior do Nordeste e não a presidência de uma associação de moradores ou o cargo de um condomínio de luxo.

*Paulo César é professor especialista em História Geral