charliePor Eugênio Marinho, empresário de Serra Talhada e colunista do  Farol

Todo o mundo ficou chocado com a ação terrorista na França que assassinou dois policiais e dez jornalistas do jornal Charlie. Chocado pela covardia do ataque, chocado porque lá não é comum sair pelas ruas matando as pessoas.

Se as nossas autoridades que se mostraram sensibilizadas, indignadas e perplexas com a tragédia que ceifou, num único dia, 12 vidas na França, olhassem mais para o Brasil, assumissem, verdadeiramente, suas condições de autoridades, entregariam envergonhadas  seus cargos, pois aqui se mata, oficialmente, 153 brasileiros todos os dias, 55 mil por ano.

Mas, devemos ser justos, nosso maior problema não são as nossas autoridades, pois nenhuma delas resiste a pressão popular, nosso maior problema é a apatia do povo brasileiro que aceita todos os absurdos caladinhos dentro de suas casas.

Tão logo aconteceu o atentado, o mundo viu as ruas de várias cidades da França serem  tomadas ordeiramente pelos franceses, que tomaram para si o luto da morte dos compatriotas, logo se via por todo país a frase, a França é Charlie, numa demonstração clara de unidade.

Na economia, França e Brasil têm valores do PIB parecidos, mas no que importa para a construção de uma nação, cidadania, infelizmente, há um abismo entre nossos valores e os deles. Eles nos deram, com a forma como enfrentaram este lamentável fato, uma aula gratuita de cidadania. Não foram às ruas defender ou criticar partido A ou B, foram às ruas defender valores.

A França é Charlie, o Brasil, não é José, nem Maria, nem você, nem eu, nem brasileiro algum que morra no seu solo vítima de assassinato, o Brasil, é egoísmo, é apatia do povo, é descrédito das autoridades, parece, terra de ninguém. Ainda não entendemos, que somos o que somos, por sermos parte de um todo.