Goottmbergue Mangueira é professor

Sempre acreditei no poder que a educação tem de transformar o mundo, de mostrar o caminho do crescimento pleno de qualquer nação ou comunidade. Ela é sem dúvidas, o esteio da cidadania e da reconstrução social. É quem nos mostra a luz no fim do túnel, é o “fio de Ariadne” de todas as sociedades. É gratificante repassar para os nossos alunos (aos que querem aprender, claro) os conhecimentos que adquirimos ao longo da nossa vida acadêmica e fora dela também, nas leituras que fazemos no dia-a-dia. Paulo Freire disse que nós aprendemos ao ensinar e ensinamos ao aprender.

Acredito muito nisso. Tenho aprendido muito com meus alunos e faço dessa interação a minha principal estratégia de trabalho, mas confesso que o descaso político no setor tem me desanimado, me deixado por várias vezes de malas prontas para trilhar novos caminhos. É lamentável ver a educação do nosso país ser reprovada em todos os organismos internacionais que avaliam o desempenho dos alunos nas disciplinas curriculares das escolas de todos os países do mundo (ensino fundamental e médio) e isso vai continuar porque  é do interesse de poucos investir em educação.

Seu pedestal que apóia à infinitude do império maquiavélico e tirano de alguns governantes  é exatamente aquilo que a educação visa combater, que é a ignorância, como podemos um dia ter educação de qualidade? Essa falta de cultura e conhecimento se constitui a grande muralha que separa o povo de sua prosperidade, de um verdadeiro processo de cidadania. Os nossos políticos são na sua maioria corruptos e só pensam no bolso deles, ou melhor, nas “cuecas e meias”. O povo é apenas um degrau onde eles pisam, sobem e depois o descartam.

Recursos didáticos

Na escola pública estadual ainda encontramos alguns recursos didáticos que nos ajudam muito, como por exemplo: projetor de mídia, câmeras fotográficas, filmadoras e computadores, porém no que diz respeito ao apoio pedagógico, ou seja, a presença contínua de profissionais competentes para desenvolver projetos educacionais junto aos professores, formação continuada e outras ações nesse sentido, tem deixado a desejar. No município, as condições de produção de ensino ainda são péssimas. Precisa-se urgente mudar a mentalidade dos nossos governantes, alunos e de alguns colegas de trabalho no que se refere à educação. Ao primeiro, cabe entender que investir em educação é o caminho mais curto para o crescimento social, cultural e econômico de uma nação, estado ou município, e que efetivamente todos saem ganhando.

Aos alunos à consciência de que essa  atitude desleixada deles com relação ao seu futuro, compromete o trabalho do professor que perde o estímulo para o desenvolvimento do seu trabalho, visto que ensinar a quem não quer aprender e não  pensa no seu futuro, é bater em ferro frio . A esse último, cabe a consciência de que ele é um importante agente de transformação social e a sala de aula é seu espaço privilegiado de trabalho. Que possa utilizá-lo com muita competência e compromisso. É necessário, também a participação efetiva de alunos, pais de alunos e a sociedade de modo geral cobrando mais responsabilidade dos governos para com a educação e procurando o Ministério Público para denunciar as possíveis irregularidades que ocorrem no setor. Educação de qualidade é direito de todos e dever do Estado e da família, segundo o artigo 2005 da Constituição Brasileira. Negá-la ao cidadão, é crime.

A nossa sociedade vê os políticos roubando, sucateando, esfoliando o erário público e quando é na hora de votar, elege os sacanas de sempre, e quando não, elegem os “filhotes desses salafrários sanguessugas.” E preciso reagir, buscar caminhos para que o nosso país não continue nas mãos irresponsáveis dessa gente. O crime organizado já tomou de conta do país, a miséria tá “dando na canela,” o índice de analfabetismo ainda é muito alto, o desemprego cresce a cada dia e a falta de perspectiva do nosso povo também. Se não tivermos uma educação descente para a sociedade brasileira, certamente iremos, mais cedo, imergir mais ainda na infecunda lama da ignorância.