Por Cícero Lopes da Silva, professor

Enquanto a seca castiga, o sertanejo espera, ou pelas chuvas, que é mais certo, pois vem de Deus; ou pela conclusão do Sistema Adutor do Pajeú. Enquanto isso aprendamos lições. Veja, uma simples escovação de dentes pode gastar de 1 a 12 litros de água, a depender da torneira aberta ou fechada durante a escovação. Imagine agora se resolvêssemos economizar água no banho, regando as plantas, preparando alimentos, lavando roupas etc. Uma torneira “esquecida” gotejando com uma abertura mínima de 1mm consome 46 litros/dia, se a abertura for maior, de 12 mm, por exemplo, consumiria até 34.000 litros/dia. Isso considerando apenas o uso residencial, pois os grandes vilões dos desperdícios de água são a agropecuária e atividade Industrial, o que não nos exime da responsabilidade do lar, tema tratado neste texto.

Parte desta consciência nos ensina também que “não é por termos água que podemos desperdiçá-la”. Quando a água da Adutora chegar, mais ainda devemos economizar. Afinal, sem o uso racional dela, quem nos garante que o próprio Rio São Francisco não entrará em colapso? Numa escala maior, a ONU já vem anunciando que 1,1 bilhão de pessoas vivem hoje sem água de boa qualidade, e em 2017 cerca de 70% da população global terá problemas de acessibilidade à água doce. Precisamos então aprender a economizar, pois água, mais do que um recurso natural, é vida! E o que está em questão não é somente a seca, mas o nosso modo de viver neste planeta.

Mas diante da dor e da seca que mais uma vez assola todo o sertão, não poderia terminar sem uma palavra de indignação. O Brasil hoje ostenta o status de 6ª potencia da economia mundial, e é uma vergonha para o mundo ver toda uma região, o Nordeste brasileiro, reivindicando ainda o elementar: ÁGUA pra viver! Como diria o poeta: “Com a mente seca e a cabeça ébria / Acabado, mas sem saber acabar, / Morreu esperando viver / e viveu esperando morrer” (Tristan Corbière). Que Deus tenha piedade, pois entre os homens parece não haver este sentimento, do contrário, não estaríamos mais uma vez nesta penúria.