paulo césarPor Paulo César Gomes, professor e escritor serratalhadense

Desde a infância sempre ouvi falar de crimes, seja por vingança ou por outro motivo fútil, fatos comuns a todos da minha geração. Crescemos em meio à violência do início dos anos 80 e retomado no início dos anos 90, aprendemos desde cedo os locais e as ruas que deveríamos frequentar, bem como a identificar os pistoleiros, tanto pelas suas histórias de crimes, como pelas suas vestimentas, que invariavelmente eram na cor preta, desde os óculos até chegar aos sapatos. Nessa época pistoleiro andava de cara limpa e tinha residência fixa.

Não tenho como negar que essa foi uma fase horrível e deprimente, pois apesar da inocência, tanto eu como alguns colegas, acabamos tendo que presenciar algum tempo de violência envolvendo armas de fogo. Talvez por isso a nossa reação frente a esses acontecimentos tenha sido o silêncio ou choro. Mesmo vivendo sob o signo do medo, respeito e solidariedade eram princípios fundamentais no meio social que vivíamos.

No entanto, após décadas se passarem, outro ciclo de violência volta a assolar Serra Talhada, atormentando e ressuscitando fantasmas do passado. O clima de insegurança que apavora a população põe em cheque o poder do Estado em garantir a segurança e a efetiva capacidade de se fazer justiça.

Soma-se a esse cenário sombrio a postura ridícula adotada por algumas pessoas, que ao invés de cobrar do Governo do Estado mais segurança ou de prestar solidariedade às famílias das vítimas, preferem brincar através das redes sociais como se matar ou morrer fosse algo normal e que mereça ser curtido ou compartilhado.

Essas brincadeiras sórdidas e bizarras só ajudam indiretamente a estimular a violência, já que ao compartilhar imagens de pessoas assassinadas, estamos de certa forma valorizando o resultado de um trabalho executado por um criminoso. Em tempos como esse, devemos não só respeitar os mortos e as suas famílias, mas principalmente, compartilhar mensagem de paz!

Se os poderes estatais não são capazes de dar um basta à violência, a sociedade civil deve buscar os meios de mostrar a sua indignação com tudo que vêm acontecendo nos últimos meses. Vale lembrar que em 1993, os movimentos populares e a Igreja Católica se mobilizaram em um grande ato pela paz e contra impunidade.

Mesmo que a mobilização popular não tenha resolvido o problema, pelos menos ajudou a amenizá-lo. É mil vezes mais digno ir para ruas pedir paz, do que ficar brincando nas redes sociais com a dor e sofrimento alheio.

Chega de violência! Queremos PAZ!