Por Gootemberg Mangueira, professor serratalhadense.

Definitivamente, o Brasil não é um país sério. Continuo dizendo e ainda vou dizer por muito tempo que o general francês Charles De Gaulle estava certo. A grande decepção, do brasileiro, não é mais só com a postura vergonhosa dos nossos políticos. Entrou, também nessa lista, o Supremo Tribunal Federal, que decidiu eternizar o julgamento dos mensaleiros, por meio dos EMBARGOS INFRINGENTES, nome da indecência prevista pelo regimento interno do STF que garante um novo julgamento aos réus que receberem pelo menos quatro votos pela absolvição, porém foram condenados.

Ao pé da letra, é um duro e certeiro soco institucional na cara do povo que coloca em xeque a democracia do país. Afinal, para quem ela serve mesmo?

Não vejo os brasileiros “mortais” com esses privilégios. Pelo contrário, está cada vez mais difícil viver neste país. E Se um pobre for condenado pela justiça, imediatamente é algemado e levado para cadeia. E na prisão irá “desfrutar” de todas as “infernagens” que o lugar oferece, principalmente a superlotação- problema crônico no sistema carcerário brasileiro.

O artigo l da Declaração dos Direitos Universais do Homem diz o seguinte: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Espírito de fraternidade, no Brasil, existe de pobre para pobre e de rico para rico. Quanto ao nascerem livres e iguais em dignidade e direitos, quem sabe daqui a uns 500 ou 600 anos isso aconteça.

Especialistas no assunto afirmam que o Supremo Tribunal Federal perdeu uma enorme chance de entrar para a história do país. Ver os mensaleiros na cadeia seria o sonho da maioria do nosso povo. O ministro paulista de Tatuí, Celso de Mello, nomeado pelo então presidente Sarney ( dono do Maranhão), hoje, grande aliado de Lula e do PT,  foi o último a votar e fechar o caixão da ética e da moral no país, frustrando a todos, dando  mais uma chance aos  chefes dessa selva de injustiças chamada Brasil, que ditam por debaixo e por cima dos panos, o que o país deve  e o que não deve fazer para continuar sendo a desgraça que é.

Aqui quem manda são eles. As leis brasileiras foram elaboradas de forma a se adaptarem aos esquemas de corrupção e toda sorte de sacanagem que existe no meio político e fora dele também. Pergunto a vocês, caros leitores: a lei que confere ao presidente da república o direito de escolher os ministros do STF, a instância maior do Poder Judiciário no Brasil, sugere ou não um futuro apoio desses ministros ao chefe do executivo, caso ele e seus aliados cometam alguma irregularidade?

Quem acha que nesse julgamento não houve uma política compensatória? Então, meus amigos, que democracia é essa? Montesquieu disse que os três poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo) são independentes e harmônicos entre si. Independentes? Talvez na França, terra no nobre iluminista.

O advogado de José Dirceu disse que a decisão de Celso de Mello foi uma vitória do estado democrático de direito. Não vejo assim. A classifico como uma derrota imposta à sociedade brasileira, um retrocesso que debilitou a esperança de vermos um país mais justo, mais decente no que se refere à atuação da justiça em crimes como esses do mensalão e em outros de menor porte.

Está mais do que na hora de recomeçar as manifestações de rua, pois os políticos estão esquecendo-se das reivindicações feitas pelo povo no último movimento. Dessa vez, precisamos dar um enfoque maior ao comportamento lamentável do Poder Judiciário que vem imitando os outros dois (Executivo e Legislativo) no que diz respeito às decisões que visam os benefícios próprios e dos poderosos aliados, os privilégios absurdos e uma série de imoralidades que maculam a imagem do País, revoltando a sociedade.

A verdade é que da forma como atuam os três poderes, inflige, aos brasileiros pobres que estão mais afastados do “palácio”, a amargura de viver uma falsa cidadania, de saber que os seus direitos básicos são negados, enquanto os “amigos do rei” gozam de regalias sustentadas pelo o povo.